No dia 13/12/04, o Washington Post trazia na página A17 uma matéria que noticiava que oito fuzileiros navais haviam morrido e outros sete soldados haviam se ferido em combate no Iraque. O ombudsman do diário, Michael Getler, em sua coluna de 19/12, conta que não ficou surpreso ao receber reclamações de leitores, segundo os quais aquela notícia merecia estar na primeira página. ‘Quer dizer que se forem quatro mortes estará na página 34? Serão necessários ao menos 32 mortos para que chegue à primeira página?’, indignou-se um dos leitores.
Getler aponta que, com relação a outros grandes jornais que lê com regularidade, o Post teve um procedimento comum. A informação do número de fuzileiros mortos chegou de última hora, na noite do dia anterior, um domingo, e havia poucos detalhes a respeito. O Baltimore Sun foi um dos poucos que ainda tiveram a agilidade de trazer a notícia para sua capa. Segundo seus editores, eles já planejavam colocar uma matéria sobre o Iraque na primeira página e, por isso, não tiveram que fazer tantas mudanças no desenho do jornal.
Para o ombudsman, o lugar dessa notícia é mesmo a primeira página do jornal. No entanto, admite que, para ele, é mais fácil dizer isso agora, depois que o episódio passou. Ainda assim, considera que é num caso como este, ‘tarde da noite de domingo, quando o ritmo da redação é um pouco mais lento e a maioria dos editores não está’, que a qualidade de um jornal é posta à prova. Subitamente, um assunto ganha maior importância e a equipe precisa decidir se o deixa na posição em que estava ou se amplia seu destaque. ‘Para mim é fácil falar, mas voto pela capa’, conclui.