Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cadê o mergulho no ninho tucano?

Aspas, aspas e mais aspas é o que mais a imprensa vem dando sobre o que se passa no ninho tucano dividido entre conflitantes ambições presidenciais.

O que os políticos dizem em público, para o público, raramente pode deixar de ser noticiado. Mas isso é apenas a ponta do iceberg.

Quando não uma jogada de despiste.

A decisão que o PSDB vier a tomar é de óbvia importância. Dela dependerá em boa medida se Lula ficará ou não mais quatro anos no Planalto.

Mas o leitor interessado em política não há de fazer a menor idéia de como essa decisão está sendo cozinhada. Anteontem, o presidente do partido, Tasso Jereissati, o governador mineiro Aécio Neves se reuniram com Fernando Henrique, no apartamento dele. E não foi para jogar conversa fora.

E o que os jornais deram, além da foto dos três meio sem graça, na sacada do apê do ex-presidente? Um par de aspas de FH: o povo é que vai decidir se Serra será ou não candidato.

Quer dizer que o PSDB vai escolher entre o prefeito e o governador de São Paulo pelas pesquisas? Não, “é mais complicado do que isso”, respondeu FH, dizendo nada.

Entra dia, sai dia, não se lê uma reportagem de bastidor sobre a estratégia tucana, se é que existe, se é que é consensual, para resolver o dilema imposto ao partido unilateralmente por Alckmin, ao dizer que é candidato a candidato – e se comportar cada vez mais como tal.

De vez em quando aparece uma ou outra fofoca mais consistente sobre a queda-de-braço entre o candidato declarado e o candidato que joga com as cartas coladas ao peito e parece apostar no tempo para decidir se vai peitar Lula ou se fica onde está.

Hoje, a colunista Dora Kramer, do Estadão, fez o que a rigor deveria ter sido feito pelo reportariado político do jornal: um rasante sobre o campo de batalha tucano.

Ela dá uma amostra do fogo inimigo entre alkmistas e serristas e da vontade dos respectivos chefes de saltar um sobre a jugular do outro.

Os primeiros, informa Dora, sugerem que Serra é tão tíbio que não irá para o confronto com Lula se este tiver “condições competitivas”, isto é, liderar com boa margem as pesquisas.

E os segundos, a ser verdade o que disseram à colunista, partiram para bater abaixo da linha da cintura. Vejam só:


“Este grupo também dispõe de um cardápio de motivos que fariam de Alckmin não o pior candidato, mas o pior presidente mesmo. Logo de início definem o governador de São Paulo como ‘megacentralizador’ e administrativamente ‘travado’. Alegam que o mito do bom administrador é isso, um mito. Atrasou obras – do metrô e do Rodoanel -, só fez continuar os planos concebidos pelo falecido governador Mário Covas e hoje tem problemas para gastar mais de R$ 5 bilhões que tem em caixa.”


Tem mais, mas acho que isso está de bom tamanho para dar idéia do forrobodó tucano.


De todo modo, a principal dívida de repórteres e colunistas com o leitor continua sendo a apuração da operação presidencial tucana, que não se resume apenas a escolher o nome certo na hora certa: o processo não pode deixar o ninho em frangalhos.

P.S.Não costumo comentar editoriais, mas hoje abro uma exceção, de tanto ouvir falar em conspiração da mídia tucana contra Lula. (Até o vice-presidente de Cuba, onde a liberdade de imprensa é monopólio do regime, engrossou o coro, no Fórum Social de Caracas.) O editorial, no Globo de hoje, tem o título ‘Piores momentos’.

Os seus melhores momentos:

‘Já fazem parte da crônica do escândalo do valerioduto delubiano as manobras do PSDB para tentar salvar o aliado pefelista Roberto Brant, no julgamento do Conselho de Ética.’

‘O tucanato se nivelou ao PT e aos partidos do mensalão (PP, PL e PTB) e nas operações de resgate sem qualquer justificativa ética, a não ser o compadrio partidário, a afinidade de legenda.’

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