Na quinta-feira, 29 de setembro, me permiti usar este espaço para um ‘desabafo pessoal’, como escrevi:
‘Não vejo a hora de chegar a eleição e torço para que termine no primeiro turno, não por causa do resultado que as pesquisas apontam, mas para sermos poupados da carnificina que inevitavelmente será a marca da disputa do segundo turno. Saudade do nível em que se mantiveram em 2002 o petista Lula e o seu rival tucano José Serra.‘
Entrevistando longamente os candidatos e promovendo debates entre eles, a mídia, justiça se lhe faça, tem procurado injetar alguma substância na discurseira eleitoral. Ela gira em falso porque passa ao largo do que de fato interessa: como alavancar o crescimento econômico, firmar as contas públicas, obter um salto de qualidade na educação básica e integrar os programas de transferência de renda com políticas universais de promoção social.
Nem Lula, muito menos Alckmin, apresentaram projetos claros e coerentes a respeito dessas questões. A mídia pode apontar os problemas, insistir nas respostas e denunciar a esqualidez da campanha. É a sua obrigação, mas também o seu limite.
Enquanto isso, o incumbente encurralou o desafiante com a alegação de que, se eleito, iria vender os bens de raiz do Estado nacional. E o desafiante literalmente vestiu a carapuça, a ponto de desfilar ontem com boné e jaqueta de funcionário do Banco do Brasil, dos Correios, da Petrobras e da Caixa. Seria cômico se não fosse patético.
Lula se exibe como paladino do combate à corrupção – leia-se, por exemplo, a sua entrevista à Folha de hoje. Se tivesse sido no caso do mensalão, a baixaria do dossiê não teria acontecido.
Alckmin, enfim, consegue o feito de superar até mesmo Fernando Henrique em matéria de declarações tontas. Como a de que, se o presidente for reeleito, o seu governo ‘acaba antes de começar’ porque será a largada imediata para a disputa de 2010.
A cada dia dessa agonia eleitoral, os 10 que ainda faltam para o tira-teima definitivo – cujo resultado não deixa dúvida – parecem uma eternidade.
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