O Brasil real, como dizia Oliveira Vianna, está onde sempre esteve.
Ao se queixar aos jornalistas de que o irmão presidente não lhe arranjava o emprego que teria prometido, Germano Inácio da Silva foi ao fundo da questão.
Ele disse passar muita humilhação quando o pessoal o vê e fala:
‘Pô, você é irmão do presidente e está nessa vida, não tem carro nem nada.’
E antes que me acusem de preconceito social, aposto 100 contra 1 que, se Germano fosse um bem sucedido empresário, os seus iguais se espantariam se ele não tivesse ficado ainda mais rico graças ao irmão (ou primo, ou amigo) presidente (ou governador, ou prefeito).
Nada mais arraigado no Brasil do que a convicção de que o primeiro dever de todo governante é com a situação da sua família e dos amigos próximos.
Parentes e amigos, aliás, serão os primeiros a pressionar o governante que levar ao pé da letra o princípio republicano da impessoalidade do Estado.
Por isso o gênero é tão raro.
Tão raro como topar com esse flagrante de brasilidade explícita numa notícia de jornal.
Como já se disse: um país assim leva séculos para fazer.
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