RETROSPECTIVA
‘O Comunique-se deseja a todos os leitores um feliz 2010. Listamos abaixo os fatos mais importantes do ano. Como sempre, convidamos os usuários para participar nos comentários – confirmando, contestando ou completando a lista. São vocês que fazem este portal.
Janeiro
O jornalista Gladimir Nascimento, que implementou a rádio BandNews Curitiba há três anos, foi demitido da emissora após criticar duramente os deputados que aprovaram a aposentadoria especial deles e reservaram R$ 17 milhões do orçamento de 2009. ‘Elegemos os políticos para serem representantes do povo e eles nos surpreendem como ladrões de galinha’, disse o ex-diretor de jornalismo da rádio.
O material apreendido do delegado Protógenes Queiroz revela que a Rede Globo participou da operação Satiagraha, ao filmar o flagrante do encontro de Humberto Braz e Hugo Chicaroni, em São Paulo.
O jornalista Paulo Henrique Amorim diz ser alvo de espionagem de dois políticos. Em documento entregue à Polícia Federal, afirma que ele e ‘membros de sua família têm sofrido ações de espionagem, perseguição e grampo telefônico por parte de indivíduos que atuam a mando do banqueiro Daniel Dantas e do governador José Serra’.
Fevereiro
Um editorial publicado no dia 17/02, sobre a vitória do presidente venezuelano em referendo, a Folha de S. Paulo classificou o regime militar brasileiro – entre 1964 e 1985 – como uma ‘ditabranda’. De acordo com o jornal, esses governos autoritários ‘partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça’. Em resposta ao editorial, um grupo de intelectuais lançou no dia 21/02 um manifesto e abaixo-assinado em ‘repúdio à arbitrária e inverídica revisão histórica’.
No dia 26/01 o jornalista e colunista da Folha de S. Paulo, Juca Kfouri, e o técnico do Palmeiras, Wanderley Luxemburgo, travaram encontros com o público do jornal, quase que diariamente, em colunas, erratas, Painel do Leitor, e até mesmo Kirratas – a errata que Juca Kfouri criou para esclarecer seu erro na coluna. Instalou-se um verdadeiro cabo-de-guerra entre Kfouri e Luxemburgo.
Dois grandes jornais demitiram 38 jornalista no mês de fevereiro, o Jornal do Brasil mandou 26 profissionais da redação, entre fotógrafos, repórteres, diagramadores e tratadores de imagem, e o Diário do Comércio e Indústria (DCI) demitiu 12 jornalistas, entre editores, sub-editores, repórteres, estagiários e correspondentes.
Março
A Record declarou guerra contra a Folha de S. Paulo ao exibir uma matéria de quase sete minutos veiculada em telejornal na noite do dia 17/03. A emissora acusou o jornal de publicar ‘notícias caluniosas’ e anunciou que irá ‘responder em sua programação a qualquer novo ataque (…) e recorrer à Justiça em todos os casos em que a honra da empresa for atingida’.
A Comissão de Educação, Cultura e Esporte aprovou no dia 17/03 o Dia Nacional do Jornalista, que será comemorado no dia 07/04, data de fundação da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
A Editora Abril teve que indenizar o juiz trabalhista Vicente Vanderlei Nogueira de Brito em R$ 20.750,00. A condenação, por dano moral, se deve à publicação de matéria na seção Datas da Veja. A decisão, unânime, também obriga a revista a publicar, como direito de resposta, um resumo da decisão do STJ, no mesmo lugar, com a mesma dimensão e com a mesma letra utilizada na publicação incriminada.
Abril
A Folha de S. Paulo reconheceu dois erros contidos no texto em reportagem sobre Dilma Rousseff. Um deles trata da ficha que ilustrava a matéria em que a ministra da Casa Civil aparece qualificada como ‘terrorista/assaltante de bancos’, com um carimbo de ‘capturado’ sobre sua foto. A Folha chegou a afirmar que o documento foi encontrado nos arquivos do Dops, quando, na verdade, chegou por e-mail à redação. O segundo erro foi tratar como autêntica uma ficha que era falsa.
A Lei de Imprensa foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Em julgamento realizado no dia 30/04, sete dos onze ministros da Casa se manifestaram pela extinção total do texto. O presidente do Tribunal, Gilmar Mendes, finalizou a sessão pedindo, em seu voto, a manutenção de artigos referentes ao direito de resposta. Apenas o ministro Marco Aurélio Mello defendeu a manutenção da lei.
A revista Veja copiou partes da matéria do Wall Street Journal (WSJ) sem citar a fonte. A reportagem de capa da edição de 22/04 trazia uma matéria coordenada muito parecida com um artigo, publicado quase um mês antes, pelo jornal americano WSJ. Tanto a estrutura como trechos do texto são idênticos. Questionada pelo Comunique-se, a repórter Gabriela Carelli negou a ocorrência de plágio.
Maio
Diante da falta de acordo com a equipe da Gazeta Mercantil S/A e Gazeta Mercantil Participações S/A, a Editora JB, da Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), publicou comunicado na capa da Gazeta Mercantil do dia 29/05 reiterando que era o último dia que o jornal circularia sob sua responsabilidade. Sem chegarem a um denominador comum, na segunda-feira do dia 01/06 o diário deixou de circular.
O jornalista Juca Kfouri venceu ação contra o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz e recebeu uma indenização de R$ 25 mil. A entrevista concedida pelo ex-ministro ao programa Fala Brasília, da Record, há quatro anos, acusando Kfouri de se beneficiar financeiramente da presença de Pelé no ministério do Esporte, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foi uma ‘acusação grave’, segundo o juiz Roque Fabrício Antônio de Oliveira Viel, da Primeira Vara Cível de Brasília.
Depois de demitir profissionais em diversas áreas como o RH, quatro repórteres nas redações da Agência O Dia e um na do O Dia Online, a direção da empresa demitiu também na redação do jornal. Quinze pessoas deixaram O Dia e quatro, o Meia Hora. A justificativa foi o corte de custos e a queda no faturamento – eles não informam de quanto foi essa queda.
Junho
No dia 27/06, o jornal Imprensa Livre, que circula em cidades do litoral norte de São Paulo, publicou o editorial ‘Caixa de Pandora do Senado’. O problema é que o texto, que normalmente reflete a opinião do veículo, era plágio. Escrito originalmente por Claudio Schamis, o artigo foi publicado anteriormente em alguns sites, como o Paraná Online.
O blog institucional da Petrobras, Fatos e Dados, lançado no dia 02/06, criou polêmica e foi alvo de críticas de jornalistas. A página publicava diariamente esclarecimentos, com as perguntas dos repórteres e as respostas dadas aos profissionais. Veículos como O Globo e Folha de S. Paulo criticam a estatal por vazamento de informações, porque as respostas têm sido postadas antes da publicação das matérias nos jornais.
O diploma para o exercício da profissão de jornalista já não é mais uma obrigatoriedade no Brasil. Por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal considerou incompatível com a Constituição a exigência da graduação em jornalismo para o exercício da profissão, em votação do Recurso Extraordinário 511961, no dia 17/06.
Julho
No dia 31/07, o jornal O Estado de São Paulo e o seu portal na Internet forão proibidos de publicar reportagens com informações sobre a Operação Faktor, conhecida como Boi Barrica. Em caso de descumprimento, a multa foi fixada em R$ 150 mil para cada matéria publicada. A ação foi apresentada por Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estreou no dia 07/07, sua coluna que foi distribuída para 94 jornais impressos de 65 municípios do País. Foram respondidas três perguntas enviadas por leitores dos veículos cadastrados: uma sobre os gastos para a execução de obras para a Copa de 2014, outra sobre o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ e a terceira sobre o SUS. A coluna O Presidente Responde é publicada semanalmente nos veículos cadastrados.
Dois repórteres do programa CQC foram agredidos no mês de julho. Felipe Andreoli, foi agredido por torcedores do Internacional, no estádio do Beira-Rio, em Porto Alegre (RS). O incidente aconteceu no dia 01/07, durante a partida entre o Colorado e o Corinthians. Já Danilo Gentili, foi agredido por seguranças do Senado quando tentava entrevistar José Sarney.
Agosto
O Jornal da Record do dia 12/08 atacou, com uma reportagem de mais de dez minutos, a Rede Globo de Televisão. A matéria foi uma resposta à reportagem veiculada no dia anterior pelo Jornal Nacional, sobre as acusações contra o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo.
No dia 10/08, os profissionais da Rádio e TV Cultura entraram em greve. Quase 100% dos profissionais da Rádio e TV, exceto os jornalistas, paralisaram suas atividades. Por falta de equipe técnica, a emissora foi forçada a modificar a grade de programação.
A Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado colocou no ar, no dia 18/08, um site para rebater notícias publicadas pela mídia. No texto de apresentação foi dito que a ‘nova página pretende ser um instrumento de apoio à cobertura jornalística das atividades da Presidência do Senado’. Entretanto, também foi dito que o site pretende ‘elucidar fatos e corrigir informações divulgadas pela mídia, sempre que julgar necessário para o devido esclarecimento da opinião pública’.
Setembro
A TV Globo e a Folha de S. Paulo divulgaram um comunicado interno para seus funcionários, restringindo o uso de blogs e redes sociais pelos seus contratados. A recomendação é que os profissionais não assumam opiniões partidárias, sobre qualquer candidato ou campanha, e também veda a publicação de conteúdo exclusivo do veículo.
O Prêmio Comunique-se 2009 teve como tema da 7ª edição o ‘Big Head’, ou Cabeção, é uma homenagem as cabeças privilegiadas do jornalismo brasileiro. A novidade da premiação foi os apresentadores, que em vez de uma dupla ou trio, foram quatro ‘duplas improváveis’ que tocaram os blocos da premiação. As duplas foram: Lorena Calábria e Heródoto Barbeiro, Silvio Luiz e Sarah Oliveira, Renata Vasconcelos e Ricardo Boechat e Cid Moreira e Rafael Cortez. Conheça os vencedores do Prêmio.
A Rede Record lançou dia 27/09, em São Paulo, o R7, portal de notícias da emissora. De acordo com Antonio Guerreiro, diretor de conteúdo do portal, o objetivo da Record é fazer do R7 o maior portal de notícias do Brasil. ‘Nada que o grupo faça é pra ser pequeno. Viemos para ser o maior portal do País, sem dúvida alguma, mas quando seremos isso eu não sei, mas que seremos, seremos’. A emissora investiu mais de R$ 100 milhões no projeto.
Outubro
Uma denúncia em um furo do Estadão fez MEC adiar a prova do ENEM. O jornal foi procurado por um homem na tarde do dia 30/09 que, ao telefone, disse ter as duas provas que seriam aplicadas no sábado e no domingo. A denúncia foi feita e o MEC decidiu adiar a data da prova.
O Grupo Traffic, presidido por José Hawilla, comprou a marca Diário de S. Paulo. O anúncio partiu da Infoglobo, que recebeu uma proposta do grupo que reúne a TV Tem, com quatro emissoras afiliadas da Globo, e a Rede Bom Dia, com nove jornais diários que circulam em cem cidades. A idéia do Grupo Traffic é usar a marca para expandir territorialmente e ampliar a ‘relevância de sua rede no mercado paulista’.
O Jornal Brasil Econômico, publicação da empresa portuguesa Ongoing, foi lançado no dia 08/10, em São Paulo, em um almoço com executivos. Com tiragem de 50 mil exemplares, de segunda a sábado, o veículo chegou às bancas para concorrer com o principal jornal de economia do País, o Valor Econômico, e ocupar o vácuo deixado pela Gazeta Mercantil.
Novembro
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara aprovou no dia 11/11 a Proposta de Emenda à Constituição 386/09 que restabelece a exigência do diploma de jornalista. A Câmara vai criar uma comissão especial que terá prazo de 40 sessões para analisar o texto, de autoria do deputado Paulo Pimenta. Para ser aprovada, a proposta terá que ser votada em dois turnos no Plenário.
Os estudantes de jornalismo que realizaram a prova do Enade no dia 08/11 depararam com críticas à atuação da imprensa. Uma das questões discursivas dizia que os jornais ‘inventam fatos’ e ‘manipulam notícias’. A prova pedia que os estudantes comparassem as linhas editoriais de jornais populares com os de grande porte.
O Monitor Campista, de Campos dos Goytacazes (RJ), foi fechado no dia 15/11. O jornal foi o primeiro da América do Sul a contar com luz elétrica e era o terceiro jornal mais antigo do Brasil, com 175 anos. A alegação da empresa é que o jornal tinha mais despesas que receitas, o que impossibilitou a continuidade do negócio.
Dezembro
Depois de alguns anos de reivindicações, representantes das sociedades civil, empresarial e do poder público, conseguiram realizar a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), entre os dias 14 e 17/12, em Brasília. O encontro foi aberto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que criticou a ausência de muitas entidades patronais. A Conferência aprovou 672 propostas, entre elas a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão, a criação de um Conselho Nacional de Jornalismo o controle social da mídia, entre outras polêmicas. As propostas serão analisadas pelo Congresso Nacional e o Poder Executivo e devem orientar novas políticas públicas de comunicação.
O empresário Fernando Sarney anunciou no dia 18/12 sua desistência da ação que movia contra o jornal O Estado de S.Paulo, por acreditar que sua decisão foi mal interpretada. Segundo ele, o propósito não era o de restringir a liberdade de expressão. Fernando encaminhou a desistência à Justiça de Brasília. O jornal considera o recuo do empresário como uma medida ‘midiática’ para se ‘lançar como bom moço e arauto da liberdade de imprensa’.
A PEC do diploma foi aprovada em comissão do Senado. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, no dia 02/12, a Proposta de Emenda à Constituição 33/2009, que restitui a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão. O projeto segue para o plenário da Casa, onde será votado em dois turnos.’
MÍDIA E POLÍTICA
‘Em discurso nesta segunda-feira (28/12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a cobertura que a imprensa realiza sobre a Câmara dos Deputados que, em sua opinião, é ‘sempre’ negativa.
‘Se a gente for avaliar a Câmara dos Deputados pela imprensa, a gente sempre acha negativa. Agora, se a gente for analisar o conjunto do trabalho produzido durante o ano, a gente vai perceber que tem muito mais coisas positivas do que coisas negativas’, afirmou, durante o ato de sanção da lei dos taifeiros da Aeronáutica.
Para o presidente, a imprensa não reconhece o trabalho dos deputados e realiza uma ‘condenação coletiva’.
‘Lamentavelmente, a condenação é coletiva e o reconhecimento é individual. Esse é um problema que eu senti na Constituinte’, afirmou.’
Requião diz que mídia tem ódio dele porque governo não gasta com publicidade
‘O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), disse que imprensa tem ódio dele porque o governo não investe em publicidade nos jornais e na TV. ‘Estamos usando a internet. Nós não gastamos dinheiro com publicidade. Por isso o ódio dos grandes jornalões e das redes de televisão’, declarou em um vídeo de mensagem de final de ano.
O governador anunciou sua entrada no Twitter e lembrou que pretende usar cada vez mais a ferramenta para anunciar as políticas de sua gestão. Requião também divulgou a sua pré-candidatura à presidência da República. ‘Me ajudem a avançar com este twitter, que vai ser um importante instrumento de comunicação’, finalizou.
As críticas do governador à imprensa já são conhecida. Na última semana ele criticou a Folha de S.Paulo, a Gazeta do Povo e os institutos de pesquisas por colocarem o prefeito Beto Richa (PSDB) na frente na disputa pelo governo paraense. ‘Quem mente mais? A Folha de S. Paulo ou a Gazeta? Pouca vergonha vão apanhar outra vez! Alvaro Dias com a palavra’, afirmou, pelo Twitter.
Em julho deste ano, Requião chegou a chamar a TV Bandeirantes de ‘máquina enganosa’, depois que foi ao ar uma reportagem do CQC sobre o atraso na entrega de ônibus escolares.’
JORNAL
‘A união dos jornais da Empresa Folha da Manhã S/A fez nascer o jornal Folha de S.Paulo, que esta semana comemora 50 anos. O veículo, fruto da fusão da Folha da Manhã, focada em política e economia, Folha da Tarde, que abordava ‘casos humanos’ e Folha da Noite, que trazia as últimas informações do dia, deu origem ao jornal de maior circulação do Brasil. Hoje a Folha tem uma tiragem média de cerca de 300 mil exemplares exemplares e circula em várias capitais brasileiras.
Na época em que a empresa publicava três veículos diferentes, o grupo era liderado pelo advogado Nabantino Ramos, que instituiu o horário de fechamento e o texto ‘Normas de Trabalho da Divisão de Jornalismo’, que inspirou os atuais manuais de Redação.
Entre as décadas de 50 e 60, o jornal passou por dificuldades financeiras e em 1962 a empresa foi comprada por Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho, que investiram e ampliaram o jornal.
Segundo o médico e colunista Julio Abramczyk, o veículo passou por uma ameaça de fechamento, mas foi superada pela compra da empresa. ‘Se tivéssemos continuado com Nabantino, não teríamos saído do vermelho. Não é um demérito, mas a Folha precisava de alguém com visão empresarial, o que ele não tinha’, afirma Abramczyk.
Atualmente, além de publicar a Folha de S.Paulo, o Grupo Folha edita o jornal Agora São Paulo, focado nas classes C e D.’
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