‘Se não fosse o álcool, São Paulo estaria lascada em termos de poluição da atmosfera´´, disse Xico Graziano, secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, em entrevista à Agroanalysis de junho último. É verdade. O etanol é bem menos poluente do que a gasolina. E isto já foi comprovado pelos cientistas. Por conta do crescimento das vendas de carros flex-fuel e da mistura de álcool à gasolina, ainda é possível se respirar em São Paulo.
Mas a qualidade do ar por aqui continua péssima, principalmente durante os dias secos do inverno. Portanto é difícil entender a decisão da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) em suspender o rodízio de veículos por duas semanas. A justificativa do secretário de Transportes, Frederico Bussinger, de que cerca de 500 mil veículos deixarão de circular na cidade nos próximos dias, é pouco convincente. Saiu na Folha, que noticiou a suspensão do rodízio, sem tocar no tema poluição. Tudo bem: menos veículos geram menos fumaça, mas será que esta premissa vale também para o inverno?
De maio a setembro, o ar em São Paulo se torna irrespirável e as crianças e idosos lotam os postos de saúde. Se o rodízio é desnecessário, por que o governo do Estado lançou a Operação Inverno? Quem não lembra da foto do prefeito Kassab e do governador Serra portando máscaras anti-gás na primeira páginas dos jornais de São Paulo?
De acordo com o site da Cetesb, o objetivo da Operação Inverno é evitar o aumento da concentração de poluentes no ar de São Paulo. ‘Nesta época do ano, com as condições meteorológicas desfavoráveis, o excesso de poluição prejudica a saúde das pessoas. Os caminhões serão inspecionados por opacímetros, equipamentos que coletam amostras dos gases expelidos e emitem laudos aprovando ou não os níveis de emissão. Dois grandes comandos serão realizados no Estado, mobilizando 200 técnicos, policiais ambientais e rodoviários.´` E os carros rodam soltos, livres do rodízio.