Um fato novo fez mudar de figura a discussão sobre o comportamento da mídia em relação à lista de Furnas.
Até ontem se debatia se a imprensa estava ou não engavetando o assunto. Para os críticos, por estar acumpliciada com a oposição na tentativa de desmoralizar o governo Lula, a mídia se recusava a expor os políticos oposicionistas, sobretudo do PSDB, citados como tendo recebido doações ilícitas em 2002.
Para os críticos dos críticos, a imprensa estava sendo apenas responsável e tendo o cuidado de não cair numa arapuca porque a história se baseia na cópia da cópia de um documento de autenticidade duvidosa, cujo original está em lugar incerto e não sabido, e cujo suposto autor, o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, nega tê-lo produzido e assinado.
Não obstante, a Folha de hoje revela que, em agosto e setembro do ano passado, dois cartórios do Rio de Janeiro reconheceram “por semelhança” a firma de Dimas no documento original.
De todo modo, querendo ou não, os jornais de hoje trataram amplamente do assunto por causa da decisão da véspera da CPI dos Correios de empurrar com a barriga a eventual convocação do publicitário Duda Mendonça, pela segunda vez, e de Dimas Toledo.
Parece claro que governistas e oposicionistas temem o que o marqueteiro do “Lula paz e amor” possa revelar, além do que disse no primeiro depoimento, e seja lá que esparramo Dimas poderia produzir.
O que não está claro é até onde os próprios parlamentares do PT acreditam na lista. Segundo um deles, cujo nome não foi citado, “a lista é boa demais para ser verdadeira”. Quaisquer que tenham sido as operações político-financeiras do então diretor de Furnas, quem o conhece duvida que, com toda a sua experiência, ele deixaria as suas digitais no processo.
Em suma: depois que o ex-deputado Roberto Jefferson disse na Polícia Federal ter recebido R$ 75 mil do suposto dimasduto, o acordão na CPI paradoxalmente plantou de vez o caso no noticiário.
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