Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A imprensa também é vítima

Muitas pessoas contam com eles para trazer notícias – especialmente agora, que sobreviventes traumatizados procuram parentes desaparecidos –, mas quase todos os 80 jornalistas do único jornal sediado em Aceh, o Serambi Indonesia, estão desaparecidos depois do maremoto que devastou a província indonésia no domingo 26/12. As últimas matérias no sítio do Serambi na internet saíram na edição de sábado.

O escritório do Serambi e a gráfica foram destruídos pelas ondas gigantes. O Serambi foi criado no início dos anos 1990 por jornalistas experientes vindos do maior jornal do país, o Kompas, incluindo seu editor-chefe, Syamsul Kahar, que sobreviveu à tragédia.

Segundo o Jakarta Post [29/12/04], também estão desaparecidos muitos jornalistas e funcionários do grupo Gramedia, com sede em Jacarta. Desde o dia da tragédia, empresas de fora tentam encontrar seus correspondentes na província. Em 28/12, alguns foram achados sãos e salvos, entre ele Nani Afrida, do Jakarta Post, e Nur Raihan, do sítio Detik.com.

Colegas prestam solidariedade às famílias

A Federação Internacional de Jornalistas [30/12/04] lançou um apelo mundial de assistência humanitária às famílias de jornalistas e funcionários de mídia atingidos pelo desastre, depois da notícia de que 25 integrantes da Aliansi Independen Jurnalis (AJI), sua afiliada na Indonésia, estariam desaparecidos entre as mais de 140 mil vítimas do terremoto e das ondas gigantes no Oceano Índico.

Em questão de horas, as afiliadas da FIJ começaram ligar em solidariedade aos colegas na região. O secretário-geral da Federação, Aidan White, afirmou que ‘todo mundo deveria contribuir para os esforços de ajuda’. A FIJ estabeleceu um fundo especial de assistência aos colegas e a suas famílias.

Em mensagem a seus integrantes em mais de 100 países, a Federação disse que mantém contato com os afiliados de Índia, Sri Lanka, Tailândia, Malásia e Indonésia, num esforço para descobrir o impacto da catástrofe na comunidade de mídia.

Conta para doações

Asia Disaster Relief for Journalists and Media Staff
C/o FIJ Safety Fund
Fortis Banque
Agence Rond Point Schumann 10
1040 BRUSSELS
Account number: 210-0785700-52

Blogs: mais riqueza e contexto nos detalhes

Jornais estão sentindo dificuldade em superar os blogs na cobertura do desastre provocado pelas tsunamis. Blogueiros das áreas atingidas estão mais familiarizados com a situação do que os enviados especiais. ‘Os blogs estão nos ajudando a entender o impacto deste evento de uma forma que as outras mídias não conseguem’, disse Xeni Jardin, co-editora do sítio BoingBoing.net, que publicou uma lista de blogs que falam da catástrofe. Segundo ela, os blogs tratam o assunto com intimidade e emoção.

John Schwartz [The New York Times, 28/12/04] citou os exemplos de páginas pessoais como a thiswayplease (www.thiswayplease.com/extra.html), que traz a foto de um barco preto espatifado contra uma palmeira em Jaffna, no Sri Lanka. Fred Robart, responsável pela página, reporta que ‘todas as casas e os barcos pesqueiros foram despedaçados em toda a costa leste’, e acrescenta que até mesmo as pessoas que conhecem e respeitam o mar agora falam sobre o desastre com choque, consternação e medo. Em outro sítio (sumankumar.com), Nanda Kishore mostra fotos e comenta as mortes na região de Chennai, na Índia.

Rapidez

Blogueiros do worldchanging.com, alguns deles moradores dos países afetados, começaram a discutir formas de ajuda logo depois que as ondas atingiram as cidades. Blogueiros do sul da Ásia criaram o tsunamihelp.blogspot.com para direcionar pessoas a organizações de ajuda.

Na opinião de Paul Saffo, diretor do Instituto para o Futuro na Califórnia, inicialmente os blogs deixaram a desejar. Ele esperava que, com a popularização do vídeo digital e do acesso à internet em banda larga, fosse possível ver mais sítios com vídeos e análises.