Está certo que os atos intimidatórios do grupo da pesada do Greenpace contra os cientistas da CTNBio, o órgão que autoriza ou não o plantio de transgênicos, justificam o tom da matéria de hoje do Estado sobre o ‘clima de perseguição e protesto’ que passou a cercar a arrastada tramitação do pedido para a liberação comercial de uma variedade de milho GM.
Mas não é preciso ter carteirinha do clube ‘Por um Brasil livre de transgênicos’ para observar que a mídia em geral e o Estado em particular raramente divulgam os argumentos de mérito, caso a caso, dos que se opõem à expansão da agricultura de base biotecnólogica no país.
Em relação ao problema do milho, que encabeça a pauta de 2007 da CTNBio, por exemplo, a coordenadora do Programa de Engenharia Genética do Greenpeace, Gabriela Vuolo, aparece no jornal dizendo que ‘só no ano passado, foram 15 contaminações transgênicas acidentais’.
Onde, como, com que consequências? Nenhuma palavra. Ou a coordenadora mais não disse ou mais não foi perguntada. Registrar as alegações substantivas do pessoal contrário aos transgênicos – e checá-las com os cientistas – não é favor para nenhum dos lados em confronto. É outro dever esquecido dos que são pagos para informar aqueles que pagam para se informar.
P.S.
Ficam os leitores liberados para curtir o carnaval. Até quarta.
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