Bem-vindos ao Observatório da Imprensa. São três rememorações simultâneas, duas comandadas pelas mãos do destino, a terceira foi obra da vontade do homem. As mortes trágicas de Tiradentes e de Tancredo Neves em 21 de abril confrontam-se com a epopéia produzida pela determinação, quase obsessão, de Juscelino Kubitschek ao materializar o velho projeto de transferir a capital para o interior do país. A imprensa não foi simpática à idéia. A Novacap (como era chamada a empresa que construiu Brasília) significava a aposentadoria da Belacap, a cidade maravilhosa, o centro nervoso e cultural do país. No Rio, capital federal, uma manchete de jornal seria capaz de levar o povo às portas do Palácio do Catete ou da Câmara dos Deputados. A imprensa carioca era naturalmente uma imprensa nacional com um incrível poder de mobilização e de influência. O projeto de transferir a capital fazia parte do projeto de desenvolvimento e, sobretudo, fazia parte do binômio energia e transportes. Foi o marco inicial do império da roda de borracha, do Brasil rodoviário e também o início do fim da era dos trilhos começada no Segundo Império. Brasília foi uma empolgação, um sonho pessoal. Um projeto de certa forma bonapartista que acordou a nação para a noção de pioneirismo, da inovação e das empreitadas coletivas. A relutância da imprensa em cortar a sua relação direta com as massas foi compensada pelas oportunidades que se abriram à TV e às telecomunicações. O projeto claramente voluntarista de JK produziu outros voluntarismos. O mais importante deles foi o de Assis Chateaubriand, o barão da mídia, que prometeu instalar uma rotativa no dia em que a cidade fosse inaugurada: cumpriu a promessa. O jornal criado por Chatô chamou-se ‘Correio Braziliense’, o mesmo título que marcou o início da imprensa brasileira 156 anos antes. O país do futuro é também o país dos velhos sonhos. Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm