O cineasta João Moreira Salles diz hoje na Folha de S. Paulo que o interesse do prefeito César Maia por seu documentário Entreatos, sobre a campanha eleitoral de Lula em 2002, é eleitoreiro. Maia criticou no dia 17 de novembro, na mesma Folha, a decisão do cineasta de suspender a exibição do filme. Salles diz que após surgir a crise do “mensalão” recebeu apenas um telefonema de exibidor interessado em exibir o filme durante uma semana em uma sala. E que o filme foi exibido algumas vezes em 2005.
Acusa Maia de, por interesse eleitoreiro, ter feito naufragar comercialmente outro documentário:
“(….) O prefeito não é um neófito; ele conhece documentários, já que foi produtor de um. O excelente Ônibus 174 não teria sido realizado sem o firme apoio da Riofilme, uma empresa 100% subordinada à Prefeitura do Rio. Infelizmente, Ônibus 174 teve um público bem menor do que merecia. Não foi outra a razão: Cesar Maia exigiu que fosse lançado em outubro de 2002, durante o segundo turno das eleições. O propósito era ferir a candidatura da mulher de Garotinho ao governo do estado. Longe de mim achar que o objetivo não era louvável. Mas os métodos, prefeito, definitivamente, não eram bons. Primeiro, por ineficientes. Depois, porque obrigar um filme a estrear, não por razões de mercado, mas por razões de política, é dar o primeiro passo rumo à instrumentalização da arte”.
O cineasta diz que, como Entreatos não está em exibição e o prefeito diz que vem analisando o filme quadro a quadro no seu laptop, é forçado a concluir que ele “comprou uma cópia pirata”.