Entre ontem e hoje, no Painel do Leitor, a Folha publicou 13 cartas sobre o artigo do apresentador Luciano Huck, de segunda-feira, ‘Pensamentos quase póstumos’, a propósito de um assalto de que ele foi vítima em São Paulo.
Das 13 cartas, nada menos de sete exalam, com variada intensidade, um rancor contra o articulista semelhante ao que se desprende das que saem costumeiramente em outro jornal, o Estado, desancando em termos rasteiros o governo Lula e a pessoa do presidente.
Os rancorosos que infestam a imprensa e a blogosfera são lulistas, anti-lulistas e lo que se quiera, como dizem os espanhóis. Têm em comum, além do gosto pelo insulto, o patrulhamento, a leviandade, a distorção e a baixaria, parcela de responsabilidade objetiva pela degradação do debate público no país.
São muitos, mas não são todos. Duas exceções, por exemplo, iluminam o Painel do Leitor da Folha de hoje. Chamam-se Fernanda Raquel Alves, de Jundiaí, e Wilson Aparecido de Oliveira, de São Paulo.
As suas mensagens lavam a alma.
De Fernanda: ‘Caramba! Nem a absolvição de Renan provocou tanta indignação dos leitores da Folha quanto o desabafo justo e consciente de um cidadão que paga seus impostos em dia […] acerca de uma violência sofrida. Por que tanta grita? Por que os leitores do jornal se doeram tanto com esse artigo? […].’
De Wilson: ‘Fico triste em constatar que nós, cidadãos brasileiros, sendo do ´povo` ou da ´elite` – atendendo à divisão imaginária que ainda resiste na mente de algumas pessoas – estamos aceitando a banalização do crime, das ruas à política. […] Vamos canalizar a nossa indignação a todas as esferas de governo […] e olhar o apresentador Huck apenas como mais um cidadão brasileiro violentado nos seus direitos, sendo esta a questão central.’