Depois da entrevista coletiva de domingo (11/9) do deputado Severino ‘Mentira, Mentira, Mentira’ Cavalcanti, o leitor de jornal pode se regalar com a de segunda-feira, ao Estado de S.Paulo, de outro pepista, o ex-prefeito Paulo ‘Jamais Pratiquei Algum Crime’ Maluf, preso na Polícia Federal.
A de domingo, transmitida pela TV, permitiu aos espectadores ver a cena sempre edificante de um político perdendo a cabeça. Foi quando o presidente da Câmara saiu do script do ‘não temo porque não devo’ para investir contra o parlamentar que lhe disse da tribuna, olho no olho, que a sua permanência no cargo era ‘um desastre para o país’. Decerto porque alguma pergunta pegou numa veia severina, ele sugeriu, alterado, que o deputado Fernando Gabeira, que teve a hombridade de jogar-lhe a verdade ao rosto, era homossexual e maconheiro.
Num raro momento de jornalismo que não se limita a reproduzir o que todo mundo viu e ouviu, a repórter Cida Fontes, do Estado, capturou e transmitiu a seguinte pérola: ‘Sua nora Olga pôs as mãos na cabeça, desesperada. ‘Ele não consegue segurar a língua’, disse com a cabeça baixa’.
Expressão escrita
Já a entrevista de Maluf, além de exclusiva, tem outra particularidade: as respostas vieram do próprio punho do entrevistado, com rasuras e tudo, em papel pautado. O jornal reproduz cinco desses escritos.
Com isso, permitiu aos leitores ver a letra estressada da notória figura que se proclama ‘um homem público há 38 anos e sem nenhuma condenação penal’.
O perito a quem a revista Veja submeteu o documento que Severino nega ter assinado ‘de forma consciente’ concluiu que a sua assinatura ‘está perfeita, firme, dinâmica’. Não é preciso ser perito em grafotécnica para perceber que a letra de Maluf pode estar tudo, menos isso.
Por si só, o contraste entre as juras de inocência do ex-prefeito e a sua expressão escrita já seria incriminador. [Postado 9h56 de 12/9/2005]