Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Xeque-mate: esperando o movimento da mídia

A descoberta de que partiu de um telefone da casa de outro irmão do presidente Lula, o ‘Frei’ Chico, o chamado na noite de 20 de maio em que ‘Roberto’ – possivelmente o próprio Chico – convoca Vavá para uma conversa com Lula, a mando dele – foi um dos poucos lances de iniciativa própria da mídia na cobertura da Operação Xeque-Mate.

Na gravação da conversa, divulgada ontem pelo Jornal Nacional, ‘Roberto’ adverte Vavá de que tem [em Brasília] ‘uma bronca da porra’, porque ele ‘anda apresentando uma pessoa lá nos ministérios…’

Curiosamente, a mídia não levantou a hipótese de que ‘Roberto’ possa ser outro – o advogado Roberto Teixeira, também compadre de Lula.

Mas a principal lacuna no trabalho da imprensa é outra. Ou não lhe ocorreu apurar, ou ela tenta apurar, mas ainda não conseguiu, se alguma decisão – em qualquer instância do Executivo e do Judiciário – foi tomada ou deixou de ser tomada em razão das aparentemente toscas tentativas de lobby por parte de Vavá, ou das presumivelmente mais competentes ações do peixe graúdo Dario Morelli Filho, o compadre de Lula apontado como sócio do Nilton Servo, o capo da jogatina com caça-níqueis em Mato Grosso do Sul e outras paragens.

Diz a Polícia Federal que Dario pagava propina a policiais em Ilhabela, São Paulo, para que não reprimissem ‘a atividade ilícita de jogos de azar’ de um negócio que rendia R$ 1.000 por dia para Servo e Morelli.

Subindo na hierarquia do setor público, terá havido também algo no gênero? Se não houve, a barra da turma da batotagem continua pesada, mas pelo menos a opinião pública receberá um sinal de que um mínimo de blindagem contra a corrupção ainda sobrevive na esfera dos chamados poderes constituídos.

Seria ótimo começar o dia lendo um título mais ou menos assim: ‘Lobby dos caça-níqueis obteve nada em Brasília’.

P.S. Este texto já estava no ar quando fiquei sabendo que, tarde da noite de ontem, ‘Frei’ Chico reconheceu ser dele a voz no telefonema cuja gravação foi apresentada no Jornal Nacional. O que parece invalidar a hipótese de que ‘Roberto’ pudesse ser o advogado Roberto Teixeira.

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