O lançamento do navegador Chrome, desenvolvido pela empresa Google, é muito mais do que a disponibilização de um novo software para visualizar páginas da Web. Tampouco assinala a entrada da mais valorizada empresa da internet numa guerra para saber qual é o navegador mais usado pelos usuários da Web.
O Chrome é a grande jogada da Google para ocupar posições estratégicas na esperada reviravolta prevista para ocorrer na Web, dentro de uns três a quatro anos, quando os atuais navegadores (browsers) tornarem quase obsoletos os sistemas operacionais que hoje garantem o funcionamento de qualquer computador.
Pode parecer mais uma jogada de adivinhação do futuro, mas não é necessário ter uma bola de cristal para ver que a internet e a Web já estão se movendo em direção da chamada “nuvem” , um conceito de computação que transfere para a rede todos os softwares que hoje estão instalados nos discos duros dos nossos PCs ou Macs.
A “nuvem” de programas estaria disponível para acesso pela rede não sendo mais necessário comprá-los ou baixá-los. Não se sabe ainda como será feita a cobrança pelo uso, mas o fato é que os softwares residentes estão com seus dias contados porque, na “nuvem”, a atualização pode ser muito mais rápida, a economia dos usuários é teoricamente muito maior (depende do custo da taxa de acesso) e cada programa poderá ser usado pelo sistema on-demand (quando o usuário desejar ou precisar).
A “nuvem” da Google já inclui um processador de textos, uma planilha eletrônica e vários outros aplicativos. Outras grandes empresas já trabalham com softwares em rede, como é o caso de programas para edição de fotos, filmes e áudio.
Neste cenário, os browsers se transformarão em verdadeiros sistemas operacionais e, se isto acontecer, a Google terá dado um xeque-mate na Microsoft, uma empresa cuja fortuna foi construída à base da venda de softwares residentes (para instalação em computadores domésticos e corporativos).
Este contexto mostra as implicações estratégicas do lançamento de um navegador que vai disputar o mercado com quase 200 outros programas similares. O Explorer, da Microsoft, ainda domina o segmento dos navegadores com aproximadamente 80% do mercado, mas desde 2003 vem perdendo terreno para o Firefox, desenvolvido pelo sistema de código aberto (sem segredos).
Há vários outros como o Opera, o Flock, Safari (para computadores Mac), Conqueror, Avant, Epiphany e K Meleon, os mais usados entre os convencionais. Recentemente surgiram alguns projetos revolucionários como o Hyperwords, que transforma cada palavra de um texto num link para dicionário, enciclopédia, banco de dados ou site de indicadores. Além disso estão para entrar no mercado os navegadores em 3D , voltados para os jogos online e para os sites de realidade virtual, como Second Life.
A segunda guerra dos browsers (a primeira foi nos anos 1990, quando o Explorer derrotou o finado Netscape) está diretamente ligada à outra inovação não menos radical que é a Web semântica, na qual os navegadores e sistemas de busca, além de identificarem palavras, conseguem também entender o significado delas.