A síndrome permanente do desemprego e a ameaça de que as demissões se tornem sistemáticas criam a necessidade de buscar novas alternativas para o exercício da atividade jornalística, num momento em os jornais reduzem sua força de trabalho para viabilizar novas estratégias corporativas. O caso do jornal The Nerw York Times é exemplar (Ver texto anterior). O mais famoso jornal do mundo anunciou, há dias, a demissão de mais 400 funcionários num processo de redução da folha de salários, iniciado na virada do século. O jornal não está em crise, porque o seu faturamento na internet cresceu mais de 300% , compensando o efeito da estagnação das receitas publicitárias na versão impressa. Com crise ou sem ela, a maioria dos jornais impressos do mundo inteiro deve enxugar seu quadro de pessoal porque o modelo de produção de edições diárias está mudando por conta da mudança nos hábitos de leitura depois que a internet passou a suprir parte da informação consumida pelo público. As demissões não são portanto um fenômeno conjuntural. Elas podem ser mais ou menos intensas dependendo de conjunturas localizadas mas são inevitáveis. Mas isto não quer dizer que o jornalismo virou uma profissão descartável. Pelo contrário, a mesma internet que está provocando a miniaturização das redações é responsável por outro fenômeno que abre enormes possibilidades para o jornalismo, como é o caso dos weblogs, do jornalismo participativo e o jornalismo multimídia em ambiente de convergência de meios. A questão não está na técnica de produção de blogs e projetos multimídia, porque esta já é conhecida ou está em desenvolvimento, mas na capacidade destes projetos garantirem a sobrevivência econômica dos profissionais do jornalismo. Há uma forte defasagem entre o retorno do investimento feito na mídia impressa e o mesmo retorno na mídia virtual. Um free lancer sabe perfeitamente quanto pode ganhar escrevendo para jornais, revistas ou para a rádio e televisão. Já na internet, ninguém sabe o quanto pode ganhar e se vai ganhar. Na web o custo de criação de um weblog como o do Ricardo Noblat é quase nulo mas para que êle comece a dar um mínimo de receita são necessários vários anos de ralação e uma dedicação quase total. Isto torna quase impossível que a web seja uma opção de curto prazo para um profissional que perdeu o emprego. Para iniciar a migração em direção a web é indispensável ter uma outra fonte de renda que seja capaz de assegurar a sobrevivência enquanto a implantação de um projeto na internet não começar a apresentar retorno monetário. Os weblogs são uma ferramente por excelência, especialmente para jornalistas que tem uma especialização porque a web oferece espaço para todos. Oferecem a posibilidade de ocupar um espaço no mercado com investimento quase nulo, mas para como a concorrência será muito forte é necessária uma alta qualificação e credibiidade do trabalho publicado. Voltarei a este tema porque ele pode ser um diferencial importante no futuro de muitos profissionais que os jornais estão dispensando hoje mas que ainda tem uma enorme contribuiçao a dar em matéria de jornalismo. Aos nossos leitores: Serão desconsiderados os comentários ofensivos, anônimos e os que contiverem endereços eletrônicos falsos.