Uma inovadora parceria informal está surgindo na chamada blogosfera com a crescente tendência de muitos blogueiros de buscar nos arquivos fatos que acabam sendo incoporados à cobertura de fatos atuais pelos grande veículos da imprensa. Este movimento é mais forte nos Estados Unidos mas agora começa a ganhar adeptos na Europa porque tem como grande vantagem a possibilidade de criar uma colaboração entre os profissionais e amadores do jornalismo. A garimpagem dos arquivos por blogueiros amadores mostrou-se especialmente eficiente em pelo menos três episódios que marcaram a política norte-americana nos últimos anos. O primeiro foi a renúncia em 2002 de Trent Lott, o líder republicano no senado norte-americano depois que um blogueiro flagrou um escorregão racista do político e foi investigar seu passado (mais detalhes no blog Talking Point Memos). O segundo aconteceu em 2004 quando os chamados jornalistas de pijama descobriram a falsificação de documentos sobre o serviço militar do presidente George W. Bush (detalhes na Wikipedia) agora no caso de Lewis Libby, o assessor da Casa Branca acusado de crime por identificar um agente da CIA para jornalistas. Um texto publicado pelo jornalista Matt Thompson qualifica esta nova função dos blogueiros como jornalismo em câmera lenta, como se a pesquisa de antecendentes fosse um contraponto ao turbo jornalismo dos grande sites de atualidade noticiosa. O que parece ser mais correto é qualificar a garimpagem como uma peça indispensável à contextualização das notícias, uma das tarefas mais difíceis e demoradas do jornalismo contemporâneo. A contextualização tornou-se essencial no jornalismo por conta dos interesses envolvidos em quase todas as notícias oriundas de instituições como governos, partidos, lobbies, empresas e ONGs. Sem a identificação de causas, consequências, interessados e prejudicados, a notícia pode ser ‘torcida’ para criar uma imagem positiva de uma pessoa ou instituição, induzindo o leitor, ouvinte ou expectador a uma avaliação equivocada do fato ou processo. A busca de antecedentes cai como uma luva pra os editores de weblogs porque eles são em grande número, trabalham quase sempre em rede trocando informações e não são afetados pelo ritmo frenético das redações preocupadas em não serem ‘furadas’. Nos EUA vários jornalistas profissionais já pedem regularmente a ajuda dos amadores para investigar fatos ou processos. Mas aqui no Brasil este tipo de parceira ainda é quase uma utopia. Aos nossos leitores: Serão desconsiderados os comentários ofensivos, anônimos e os que contiverem endereços eletrônicos falsos.