O ano começou com um baque para o primeiro-ministro britânico, David Cameron. O diretor de comunicação do governo, Andy Coulson, pediu demissão na sexta-feira [21/1] alegando ter se tornado impossível continuar no cargo após a onda de acusações de envolvimento em um caso de grampos ilegais de figuras públicas quando era chefe de redação do tabloide News of the World. ‘Quando um porta-voz precisa de um porta-voz, é hora de seguir adiante’, declarou. ‘Infelizmente, a cobertura contínua dos eventos ligados a meu antigo trabalho no News of the World passou a me impedir de dar 110% do que é preciso neste cargo’, completou.
O governo insistiu que a saída do porta-voz não foi causada por novas evidências contrárias à alegação de Coulson de que não sabia dos grampos quando trabalhava no jornal. O grande número de acusações e a probabilidade de elas continuarem por meio de ações civis e investigações policiais estariam incomodando sua família e tornando difícil sua concentração no trabalho. A investigação do caso, em que celebridades, políticos e até membros da família real teriam sido grampeados, será reaberta para que promotores avaliem todas as evidências entregues pela Polícia Metropolitana de Londres durante seu inquérito criminal de 2006 e qualquer material que tenha sido divulgado desde então.
Enfraquecimento
A saída de Coulson enfraquece Cameron e seu ministro de Finanças, George Osborne, que indicou o ex-editor do News of the World ao cargo e o defendeu publicamente inúmeras vezes. Cameron disse estar triste com a saída de Coulson, lamentando que ele tenha de pagar duas vezes pela mesma violação. ‘Escolhi julgá-lo pelo trabalho que ele fez para mim, para o governo e para o país. Ele administrou o setor de comunicação do governo de maneira competente e profissional’, disse.
Coulson renunciou ao emprego no tabloide em janeiro de 2007, no dia em que o editor responsável pela cobertura da família real, Clive Goodman, e o investigador particular Glenn Mulcaire foram presos sob acusação de terem realizado escutas ilegais nos telefones de membros da realeza britânica. Na ocasião, ele insistiu que os grampos haviam sido feitos por um único repórter. Posteriormente, entretanto, surgiram acusações de que a prática estaria espalhada pela redação do jornal. Informações de Patrick Wintour e Nick Davies [The Guardian, 21/1/11].