A manchete principal do Valor Econômico de ontem levantou a lebre em apenas uma linha, na reportagem que trata do contrato, assinado ontem, entre o Banco Itaú e a Prefeitura de São Paulo. ‘A Prefeitura paulista, que vai embolsar pouco mais de meio bilhão, não quis comentar a licitação’, apontou, na descrição do negócio que entrega ao Itaú a responsabilidade de realizar o pagamento da conta-salário de 210 mil funcionários públicos municipais, com movimento total de R$ 4,4 bilhões por ano. Além do lote de contas-correntes, o banco também vai administrar, pelos próximos cinco anos, ‘a administração do caixa de aproximadamente R$ 11 bilhões e aplicação de disponibilidades da cidade de São Paulo’. O banco pagou R$ 510 milhões pelas contas dos funcionários e R$ 1,5 milhão pela administração do caixa do maior município brasileiro, terceiro maior orçamento da União. A boa reportagem do principal jornal econômico do país trouxe ainda a posição contrária do Sindicato dos Bancários do Estado de São Paulo, para quem a transferência do capital público para o pagamento dos salários e administração do caixa retira recursos de bancos públicos e, por tabela, inibe linhas de financiamento de incentivo e caráter social. O furo do Valor ganha repercussão hoje nos dois maiores jornais paulistas – Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo – com notável diferença de interesse, espaço e riqueza de informações. O primeiro dedica quase uma página de reportagens com vários informações novas – entre elas a lembrança de que o Banco Itaú ‘foi um dos maiores doadores da campanha de Serra à prefeitura’, e de que ‘o Itaú deu R$ 1 milhão dos R$ 14,8 milhões que o tucano declarou ao Tribunal Regional Eleitoral ter recebido em 2004’. Já O Estado de S.Paulo limita-se a publicar uma mirrada nota com reprodução do release do banco.
A Folha e o Valor trazem a referência de que se tratou ‘de um dos negócios mais cobiçados do mercado’.