Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

IDH do Brasil

Os principais jornais dão hoje extensos serviços sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2005, baseado em dados de 2003. FolhaGlobo e Estadão fizeram edições críticas, ouvindo especialistas, porque usaram o regime de embargo, ou seja, receberam os dados e tiveram um prazo para trabalhar até uma data de divulgação que todos respeitaram.


O mesmo regime que o IBGE adotava com grande sucesso e em janeiro foi atropelado por uma portaria do Ministério do Planejamento. O governo submeteu os dados do Instituto a algo interpretado como uma censura prévia. A decisão veio depois da divulgação de uma Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) na qual o IBGE havia constatado que há mais brasileiros com excesso de peso do que com fome.


O presidente Lula chegou a dizer que a pesquisa não era válida porque as pessoas têm vergonha de confessar a fome. Mas não eram computadas respostas de entrevistados, apenas medidos peso, altura e dados relativos às refeições.


O material do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) sobre o IDH tem uma novidade interessante. Uma simulação troca o PIB pela renda dos 20% mais pobres da população. É a manchete de abertura das três páginas de reportagem da Folha. Nesse caso, a posição do Brasil, por exemplo, muda de 55° lugar para 115° no IDH.


O resultado confirma o que se sabe há trinta anos. O Brasil melhora seus indicadores sem reduzir a desigualdade.


O que ficou faltando: mostrar como a desigualdade se traduz no tecido social e no território nacional. Trabalhar com grandes números agregados sempre diminui a qualidade da análise.


Calculam-se dez milhões de pobres no campo. Sabendo-se que a população das regiões Norte e Centro-Oeste está majoritariamente em cidades, onde estaria a massa de pobres e miseráveis do meio rural? No Nordeste, segunda região mais populosa. E por que tem sido tão difícil reduzir a pobreza no Nordeste? Cartas para governantes e legisladores.