Muitos leitores reagem em seus comentários contra o que seriam dois pesos e duas medidas na crítica às críticas do presidente Lula à imprensa. Há problema com as críticas à mídia de Lula, de José Dirceu, da professora Marilena Chauí, dos dirigentes do PT quando elas são genéricas. Quando são apenas instrumentos da propaganda política. Elas se tornam interessantes quando são precisas, definidas. José Dirceu e Marilena Chauí fizeram isso eventualmente, e quando o fizeram despertaram mais atenção.
Para que fique bem claro: o Observatório da Imprensa não tem e eu em particular não tenho qualquer compromisso com falhas de cobertura. Tanto faz que o objeto seja FHC, ACM, Serra, Alckmin, o governo da Bahia, qualquer governo ou homem público. E temos procurado dar um panorama amplo dos problemas. Mas não podemos, em nossa crítica da mídia, esgotar todos os assuntos. Também para isso, para informar sobre falhas, colaboram os leitores. Cuja opinião, além disso, claro, é importante. E tem na internet um peso que nunca teve em nenhum outro veículo de comunicação, salvo telefone e cartas, que são de uma pessoa para outra. O Observatório dá peso especial à participação dos leitores desde sua criação, vai fazer dez anos.
Os leitores não ocupam o mesmo espaço. Não podemos publicar tudo no mesmo plano, dar aos comentários o mesmo peso dado aos textos que os suscitam. Seria renunciar a editar o site. Seria jogar para os leitores um trabalho que é nosso. Mas todos, desde que ponham nome e sobrenome, e endereço válido de correio eletrônico, desde que não façam acusações ou agressões pessoais, e vedado o uso de linguagem ofensiva, têm direito a dar sua palavra no site.
Em relação a dois pontos específicos:
1) Os problemas de financiamento da campanha de 1998 do senador mineiro Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB, têm sido abordados pela mídia. Certamente precisam ser esmiuçados, assim como outras acusações de financiamento irregular.
2) O episódio que envolveu Misilvam Chavier dos Santos, dito Parceirinho, candidato do PSDB a prefeito de Tupiratins, no estado do Tocantins, em 2004, de fato foi precariamente noticiado. Uma busca na internet encontra, entre os grandes veículos, apenas uma nota do Estadão:
“Segunda-feira, 05 de dezembro de 2005 – 20h36
Tucano é preso no Tocantins por tráfico de drogas
Palmas – A prisão do traficante Misilvan Chavier dos Santos, o Parceirinho, ocorrida na sexta-feira, 2, no trecho entre Castanhal e Belém, e a apreensão de meia tonelada de cocaína que pertenceria a ele, gerou inquietação no meio político no Tocantins. Filiado ao PSDB, Santos foi candidato a prefeito no município de Tupiratins, a noroeste do estado, numa coligação que envolvia o PMDB e PT, tendo obtido 548 votos”. Mais em http://www.estadao.com.br/rss/agestado/2005/dez/05/173.htm
No site da Radiobrás não há noticiário a partir das expressões “Misilvam” ou “Misilvan”. Com a expressão “Tupiratins” há três registros, nenhum deles relativo ao caso. Não achei nada no Globo, na Folha e no Jornal do Brasil.
Todo mês há vários casos como esse, envolvendo gente de quase todos os partidos. O maior problema aí não parece ser de proteção indevida ao PSDB, mas de falta de fôlego, de estrutura, para cobrir direito o país. É verdade, também, que casos de corrupção no PT e no PC do B chamam mais a atenção do que casos de corrupção em outros partidos. Dos partidos que estão no poder há muito tempo, ou passaram por ele, não se espera comportamento impoluto e caráter sem jaça.