Os jornais de hoje proclamam em coro que o relatório final da CPI dos Correios ‘poupa’ o presidente Lula de responsabilidade pelo mensalão cuja existência o documento confirma.
Sim e não.
O relator poupou Lula ao escrever que ‘não se tem qualquer fato que evidencie haver se omitido’ diante da lambança patrocinada pelo seu partido e conduzida pelo seu ‘capitão do time’, o então ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Mas o relator também escreveu, um tanto tortuosamente, que ‘não parece que havia dificuldade’ para Lula perceber ‘a anormalidade com que a maioria parlamentar se forjava.
Portanto, mesmo nessa conta de chegar que é o texto final de uma CPI, produzido entre pressões e contra-pressões – sem falar nos próprios interesses políticos do seus autores –, ficou implícito que, mesmo se não partiu do presidente a iniciativa de forjar a sua maioria parlamentar com os métodos que a CPI identificou, ele não deteve a ‘anormalidade’ porque não quis.
Resta saber se o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) não registrou com todas as letras a dedução lógica de seu próprio raciocínio porque não quis ou, como tudo indica, porque não pôde.
No Paraná, Serraglio é aliado do governador pemedebista Roberto Requião, pró-Lula. Poderá ser o seu companheiro de chapa para a reeleição.
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