A Folha de S. Paulo reacendeu a polêmica com o prefeito José Serra em torno da remoção de jovens que moram embaixo de um viaduto que passa por baixo da Rua da Consolação, entre as avenidas Doutor Arnaldo e Paulista. Arvorou a bandeira da defesa dos moradores de rua. Etc. Mas a coisa fica grotesca quando se passa por baixo dos diferentes viadutos que há por ali e se constata que não há apenas um grupo de jovens na rampa que sobe para a Paulista. São diferentes ‘clusters‘ de moradores de rua. É só mandar um repórter fotográfico ao local e ficará claro como a polêmica é forçada e vazia.
Uma reportagem satisfatória começaria fazendo um levantamento dos vãos habitados sob viadutos. Por exemplo, quando a Rua Amaral Gurgel se transforma num mergulho sob a Praça Roosevelt. Em 1991, a prefeita Luiza Erundina mandou construir uma rampa para expulsar moradores de rua daqueles baixios. E eles estão lá até hoje. Ou melhor: hoje tem mais gente do que na época. Isso a reportagem não viu. E menciono apenas dois lugares pelos quais passei nos últimos dias. Há dezenas de outros.
Mas a visão seletiva não é privilégio da Folha ou dos jornais. A Fiesp fica do outro lado da rua do Stand Center, na Avenida Paulista, e não consta que tenha movido uma palha para contestar o funcionamento de um lugar suspeito de acolher produtos contrabandeados. Só para refrescar a memória, aí vai uma foto do Google Earth: