Wednesday, 04 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

A cobertura da morte de Eduardo Campos

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

O ritmo eleitoral impôs-se ao luto. A tragédia ainda não assimilada ficou para ser sofrida mais tarde.

Quando?

Talvez nunca. O povo brasileiro é um povo triste que abomina a tristeza. Porque transbordava de vitalidade, Eduardo Campos parece não ter morrido.

Bola pra frente é o moto nacional, bandeira, veneração, regra básica do nosso manual de sobrevivência. Então vamos em frente porque a velocidade que impusemos às nossas vidas não nos oferece outra alternativa. Reclamamos da internet mas foi o ser humano quem a inventou e a desenvolve. Denunciamos a superficialidade da mídia digital, porém nós a montamos exatamente assim. Reclamamos de uma imprensa leviana, apressada, mas pouco ou nada fazemos para torná-la mais densa, menos fugaz e fragmentária.

Dos ancestrais portugueses herdamos o culto pelos sumidos e encobertos. O sebastianismo começou com a morte do jovem rei desaparecido aos 24 anos. Ignez tornou-se rainha depois de morta, Tiradentes virou pai da nossa independência 30 anos depois de enforcado.

O luto foi brevíssimo, a luta será demorada.