Chama-se overkill, em inglês, e tem o mesmo sentido de overdose, já aportuguesado, a cobertura por saturação que a mídia oferece aos brasileiros em mais uma Copa do Mundo.
Os jornais sabem que apenas uma minoria dos leitores tem tempo e paciência para ler os seus cadernos especiais sobre o assunto – mesmo porque a maioria se infotém – isso mesmo, mistura de informação com entretenimento – na televisão em geral e na Globo em especial. Como sempre.
Mas os grandes jornais não estão especialmente preocupados com a leitura do que publicam sobre a Copa. Eles participam de um campeonato de imagem: cada um quer que o seu leitor veja que potente esquadra jornalística colocou em campo, por quantas páginas se espalha a sua ofensiva e quantos nomes estrelados integram o seu time.
De mais a mais, o custo-benefício compensa. Como acontece com as televisões, a cobertura dos jornais é patrocinada, no mesmo sistema de cotas de patrocínio que as emissoras vendem.
E, obviamente, aos anunciantes interessa não só a audiência ampliada e a alta voltagem que fazem aumentar o consumo, mas também a associação entre a suas marcas e o evento. Portanto, nada de novo sob o sol na civilização do espetáculo turbinado a comércio.
Mas, sabe como é, overkill ou overdose tem riscos compatíveis com o seu próprio excesso. O perigo, no caso, é não se concretizar (sai, azar) a premissa embutida no derramamento torrencial de palavras e imagens: que o hexa vem aí sem erro.
Enfim, para o meu gosto, bom, mas bom mesmo, é ver futebol. E não ler futebol.
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