A coluna do jornalista Luís Nassif, Folha de S.Paulo, de hoje, tenta colocar pingos nos ii e colocar um pouco de ordem na balbúrdia dos últimos dias sobre o vôo do general Francisco de Albuquerque, comandante do Exército. Ele recorre ao ‘sábio recluso’ (quem será esse senhor tão sensato?) para tentar reduzir a assuada criada porque o chefe militar motivou a interrupção da decolagem de um avião da TAM, em Viracopos, e desalojou dois passageiros (Albuquerque e sua mulher) de seus assentos para não perder um compromisso em Brasília.
‘Como qualquer comandante de um Exército nacional, é responsável pela segurança do país e cabe-lhe perfeitamente a prerrogativa de requisitar não só assento em vôos que o levem à capital do país como o avião inteiro, não só em tempos de guerra como de paz (relativa, já que se vive uma guerra urbana no país, com intervenção do próprio Exército)’, lembra Nassif.
Embora defenda o general, o jornalista não o livra de uma raspança bem dada. Primeiro, porque o chefe militar não agiu como todos os seres humanos mortais e não cumpriu com o horário de apresentação dos passageiros para o chamado check-in. Segundo, porque, embora não fosse obrigado, o general deveria apresentar as prerrogativas que lhe concedem o privilégio como manda o figurino, ou seja, devidamente paramentado com o uniforme verde-oliva e todas as medalhas e comendas. A vestimenta por certo também o livraria da vaia que recebeu quando entrou no avião.
Talvez o comentário da coluna de hoje acalme o salseiro e oriente um pouco os colegas jornalistas sobre como proceder. Entrevistar passageiros que vaiaram o general à paisana, por exemplo, apenas satisfaz quem busca 15 segundos inesperados de fama. Notícia seria se a vaia tivesse caído sobre o general fardado.
Gripe aviária
A desinformação da imprensa continua grassando em torno da ameaça da gripe aviária. Além da defasagem sobre os efeitos na economia – para a Veja da semana, ela trouxe lucros; para os jornais de todos os dias desta semana, o prejuízo só faz crescer – sobra desorientação ao leitor. Quando os jornais deixarão as informações de gabinete distribuídas pelos ministérios envolvidos na questão e mostrarão, na vida real, como está sendo feito o monitoramento que o governo garante estar fazendo?
Pergunta que não quer calar
Lula está em permanente campanha para a reeleição, é verdade. Até mesmo a definição do padrão da tevê digital – hoje formalmente desmentida em todos os jornais – entrou no balaio. Enquanto isso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, passeia pelo Brasil de Norte a Sul – ontem, ele estava na Paraíba –, mas nenhum jornal se atreveu, até o momento, em perguntar quem está bancando as viagens. Será o PSDB? Será o governo (contribuinte) paulista? Ou o governador está pagando todas as despesas do próprio bolso?