Há um grande número de fornecedores de conteúdo para as versões impressa e online do New York Times, comenta, em sua coluna (5/2), o ombudsman Arthur S. Brisbane. O jornalão foi claro quando afirmou aos leitores que o WikiLeaks não era um parceiro de conteúdo, mas sim uma fonte de informação crua, com base na qual o NYTimes produziu as próprias matérias. Por outro lado, Brisbane acredita que todos os leitores entendem que, quando há conteúdo com o logo da AP, por exemplo, é porque ele foi produzido pela agência de notícias.
Ultimamente, outros fornecedores de conteúdo ganharam destaque no jornal, como ProPublica, The Center for Public Integrity, Footnoted.com, Reuters Breakingviews, Greenwire, The Bay Citizen, The Texas Tribune e Chicago News Cooperative. O NYTimes tenta identificar estas entidades, mas os leitores têm menos familiaridade com elas e, algumas vezes, chegam a questioná-las.
Mais conteúdo a um custo viável
A inclusão pelo NYTimes de novos fornecedores de conteúdo se justifica jornalística e economicamente. Atrair audiência, tanto para o impresso quanto para o online, requer mais conteúdo a um custo viável. No entanto, gerenciar esta expansão traz riscos. ‘É uma faca de dois gumes. Por um lado, o conteúdo de terceiros pode ser mais diverso que o produzido dentro da organização. Jornalistas do NYTimes não podem estar em todos os lugares a todo o tempo. Mas não sabemos quem são estas pessoas [de fora] e quais são suas motivações’, avalia o consultor de mídia Alan D. Mutter.
Bill Keller, editor-executivo do NYTimes, reconhece estes riscos e afirma que o jornal tem planos de administrá-los. ‘O material tem que estar nos padrões do NYTimes e não queremos terceirizar o que faz parte da nossa missão’, resume.
A união que faz a força
Em um exemplo recente, o jornalão fez parceria com a Footnoted.com, site de finanças fundado e editado pela jornalista Michelle Leder, para produzir uma matéria de capa sobre o plano de compensação da Goldman Sachs. O artigo, publicado no dia 19/1, foi escrito pelos repórteres do NYTimes Susanne Craig e Eric Dash, com base em um estudo da Footnoted. ‘Repórteres nem sempre têm o tempo de analisar todas as informações em uma pilha de documentos’, diz Susanne.
Já o ProPublica e o Center for Public Integrity são especializados em grandes reportagens investigativas que, algumas vezes, levam meses para ficarem prontas. O Center for Public Integrity conta com uma equipe de 52 profissionais e fez, recentemente, uma parceria com o NYTimes em uma série escrita pelo repórter Benyamin Appelbaum. O ProPublica tem 32 profissionais e ganhou em 2009, em uma parceria com o NYTimes, o Pulitzer por conta de uma matéria sobre o Memorial Medical Center, em Nova Orleans.
Ambas as instituições são organizações sem fins lucrativos, apoiadas por filantropia e lideradas por jornalistas experientes e reconhecidos – o ProPublica por Paul Steiger, ex-diretor de redação do Wall Street Journal; e o Center for Public Integrity, por Bill Buzenberg, ex-vice-presidente da NPR. ‘Poucas pessoas podem ficar seis ou nove meses em uma matéria’, afirma Buzenberg. Na opinião do ombudsman, o jornalão poderia fornecer aos leitores mais detalhes sobre estas fontes parceiras, explicando como elas funcionam e quem as financia.