Está em todos os jornais a história do juiz de Goiás que mandou soltar um motociclista preso por dirigir embriagado.
O juiz Ricardo Teixeira Lemos, de Aparecida de Goiânia, disse que não pode ser “escravo das leis” em geral – e em especial não gosta da lei que impôs a lei seca no trânsito, severa demais no seu entender.
Todos os principais diários deram também que ele fala da cerveja como a grande paixão do brasileiro – o que por uma fração de segundo poderia levar o leitor a pensar que o consumo da bebida estava proibido no Brasil. Mas passemos
No Globo, outras variações sobre o tema, tiradas da sentença do meretíssimo. Para ele, ir a um bar e não tomar cerveja é tão absurdo como fazer uma “refeição sem feijão ou dormir sem tomar banho”.
Mas só na Folha é que a coisa perde toda a graça – supondo que até aqui tivesse.
O repórter Felipe Bächtold anotou no seu relato a pensata definitiva do magistrado. Ao criticar a lei também pelos seus prejuízos “não só para as cervejarias, mas para o comércio”, ele emendou, como se respondesse a uma hipotética pergunta do tipo “E tudo para quê, afinal?”:
”Isto em troca de algumas almas que, em tese, momentaneamente foram salvas de acidentes”.
Um flagrante desses vale por um jornal inteiro.