Da coluna de Paul Krugman, no New York Times de hoje:
‘Há poucos dias, uma pesquisa revelou que 50% dos americanos acreditam que o Iraque tinha armas de destruição em massa quando o invadimos, ante 36% em fevereiro de 2005. Ao mesmo tempo, 64% ainda acreditam que Saddam tinha vínculos estreitos com a Al Qaeda.
Aliados do governo na mídia espalham desinformação. É difícil imaginar como o mundo parece para o grande número de americanos que se informam vendo a Fox ou ouvindo Ross Limbaugh.
O clima de intimidação da mída que predominou durante vários anos desde o 11/9, que tornou a imprensa muito cautelosa na divulgação de fatos desfavoráveis ao governo, diminuiu. Mas não se foi de todo. Apenas há poucos meses, importantes organizações noticiosas foram duramente atacadas pela direita por seu suposta omissão de relatar as “boas notícias” do Iraque – e tenho a impressão de que isso produziu uma temporária suavização da cobertura, até que a extensão da carnificina se tornou inegável.
Qualquer que seja a razão, o fatro é que o governo Bush continua sendo notavelmene bem sucedido em reescrever a história. Por exemplo, ele sugeriu repetidas vezes que os Estados Unidos tiveram de invadir o Iraque porque Saddam não deixava entrar os inspetores da ONU. Sua mais recente manifestação do gênero data de algumas semanas. E ficou por isso mesmo. Não vi em nenhum importante órgão de imprensa qualquer referência ao fato de que de forma alguma as coisas se passaram assim.
Quando [o escritor] George Orwell escreveu sobre “um mundo de pesadelo em que o Líder, ou alguma clique dominante, controla não apenas o futuro, mas o passado”, ele pensava em estados totalitários. Quem imaginaria que seria tão fácil reescrever a história numa nação democrática com uma imprensa livre?”
Se não houver outra escolha, antes viver num país onde a imprensa se sente à vontade para falar mal do governo, mesmo sem razão.
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