Na sua coluna de sexta-feira (26/3) na Folha de S.Paulo, o senador José Sarney afirma que a internet não matará os jornais. Só quem pode matar o jornal é ele mesmo, querendo ser internet ou fazendo mau jornalismo, diz o senador. Algumas páginas adiante, na mesma Folha, um dos filhos de Sarney é acusado de crimes financeiros. (L.M.C.)
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ficou irritadíssimo o com a manchete da Folha de S.Paulo – ‘Suíça bloqueia conta de filho de Sarney’ – de quinta-feira (25/3).
O jornal informou com detalhes a decisão do governo suíço de bloquear uma conta de 13 milhões de dólares controlada pelo filho do senador, Fernando Sarney. Os depósitos foram rastreados a pedido da Justiça brasileira e não foram declarados à Receita Federal.
O chefe do nosso Legislativo foi procurado ainda na quarta-feira (24), mas não se manifestou sobre o assunto.
Como não pode responder à Folha – que hospeda sua coluna semanal há alguns anos –, o paladino das liberdades preferiu atacar toda a imprensa brasileira. E saiu-se com esta pérola:
‘A imprensa disputa com o Poder Legislativo o papel de porta-voz da opinião pública, sem submeter-se a mandatos ou regras.’
Fogo cruzado
Estressado, Sarney confundiu tudo: o Legislativo não é porta-voz de ninguém, é o representante da sociedade. Cuida dos seus interesses.
Sarney tem mandato de senador de um estado onde raramente põe os pés, seu mandato é ilegítimo. E quando criou a excrescência dos ‘atos secretos’ acabou com a própria representatividade da casa que preside.
Com mais algumas manchetes arrasadoras como a de quinta-feira, além do Estadão Sarney terá que calar a Folha também.