Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O mapa da reta final

No dia em que recomeça a campanha na TV, os jornais se perguntam, em artigos e entrevistas, qual o prazo de validade da recuperação do favoritismo do presidente Lula, captada pelo Datafolha depois do debate na Rede Bandeirantes.

Predomina nos textos a tendência a achar que os fatores que levaram a eleição para o segundo turno – o escândalo do dossiê e a ausência de Lula no debate da Globo – já deram o que teriam a dar. E a liderança de Lula nas pesquisas deve voltar ao patamar anterior ao da semana final de setembro.

‘Crise do dossiê perde fôlego e patrocina a recuperação de Lula, dizem analistas’, informa a Folha.

‘Parte da classe média volta a apoiar presidente’, diz o Estado, também citando especialistas, um deles, o cientista político Marcus Figueiredo, aparece igualmente na Folha’.

Se assim é, ou melhor, se assim continuar a ser, o prazo de validade de Lula não terminará antes de 29 de outubro.

O diagnóstico parece correto. Mas a própria mídia – no caso a Folha, em editorial – destaca o número sem precedentes de aparições dos candidatos em entrevistas e debates na TV e no rádio. Lula e Alckmin serão sabatinados em duas emissões do Roda Viva da TV Cultura e em outras duas na Rede CBN. Se valer o que está escrito, eles ainda se encontrarão diante das câmaras da Gazeta, SBT, Record e Globo.

Não está claro, entre os analistas e especialistas, se tamanha exposição, sem falar no horário eleitoral – 4 entradas para cada candidato em 16 dias seguidos, num total de 640 minutos per capita – mudará o retrato traçado pelo Datafolha divulgado ontem.

Tanta imagem e palavrório inevitavelmente repetidos podem produzir no eleitorado o efeito ‘fadiga de material’, provocando talvez mais saturação do que apetite renovado. Mas, com perdão pela platitude, qualquer coisa pode acontecer a cada passo dessa caminhada, ou no dia-a-dia do país. E há o destino incerto da pergunta que não quer calar sobre a origem da dinheirama com que os aloprados do PT íam pagar pelo dossiê.

Alckmin, como não podia deixar de ser, diz que o jogo que recomeça hoje está zerado. Não é verdade. O segundo turno não é uma nova eleição, como ele também dizia na peleja para alcançá-lo. É um novo momento de um processo a que se incorporam os vitoriosos de 1º de outubro – os ‘grandes eleitores’ como o petista Jaques Wagner e os tucanos José Serra e Aécio Neves, além dos senadores eleitos ou reeleitos, deputados federais e estaduais.

Mas tampouco se pode afirmar de olhos fechados que o jogo está feito e Lula será reeleito com um pouco mais ou um pouco menos dos atuais 12 pontos de vantagem.

O fato é que existe um território incerto formado pelos presumíveis 15 milhões de eleitores indecisos, ‘brancos’ ou ‘nulos’.

O que eles farão no dia 29 é uma questão em aberto. ‘Não quer dizer que vão mudar, nem que vão mudar para Alckmin’, acautela a pesquisóloga Fátima Jordão, ouvida pelo Estado. ‘Quer dizer apenas que temos um eleitor que é mais volátil, porque tem mais informação.’

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