No mundo de hoje, a memória dos povos, pelo menos a memória recente, depende em primeiro lugar da memória dos seus jornalistas. Por isso é que eles são chamados ‘historiadores do presente’.
Muitas vezes, o que historiam são detalhes. Mas, como se sabe, é nos detalhes que mora o demo.
É o caso de um precioso lembrete com que a Folha de hoje enriqueceu a cobertura da ida do presidente Lula a Tocantins. Ali ele e o ex-presidente José Sarney disseram maravilhas um do outro.
Em dado momento, Lula se penitenciou por ter falado que a Ferrovia Norte-Sul, a menina dos olhos do seu antecessor de vinte anos atrás, ‘ligava nada a nada’. Mas ressaltou, no seu improviso:
‘Uma coisa eu tenho tranquilidade, Sarney. Nunca lhe ofendi.’
A Folha não deixou barato. Publicou a frase, acrescentando, ‘disse Lula, que em 1987 chamou o presidente de ladrão‘.
Lula pode ter esquecido do que disse. Sarney, decerto não. E o leitor que sabia, mas esqueceu, ou que nunca soube, saiu ganhando.
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