Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Falta de ética

Indignado. Assim me senti na última segunda-feira (dia 15/03), ao assistir a mais a uma edição do programa CQC da Rede Bandeirantes de Televisão. Os meninos voltavam das férias. Esperava algo novo e não aconteceu. A minha revolta é com o quadro feito no Congresso Nacional em Brasília. Mudaram o repórter; agora é uma moça, antes era um rapaz. O estilo continua o mesmo: o ataque. Falo em ataque porque é isso que a moça, travestida de repórter, faz. O político está caminhando e, de repente, aparece um microfone na sua frente. Opa! Isso é agressão. E, o que é pior, as perguntas são agressivas e condenatórias.

Está certo, lá há muita corrupção. Mas devagar com o andor… O Congresso Nacional simplesmente reflete o que a gente vê nas ruas do Brasil. Pessoas de bem e bandidos. Ambos existem em todas as áreas, nas diferentes profissões. Assim são os políticos. Aquela casa já abrigou figuras como Tancredo Neves, Ulisses Guimarães e ainda conta com gente de bem, como os senadores Marco Maciel e Pedro Simon, o deputado Paulo Paim, entre outros que tantas leis fizeram e serviços já prestaram a essa nação. As TVs da Câmara e do Senado prestam um serviço inestimável ao país, mostrando o trabalho realizado pelo legislativo. Além disso, valorizam a cultura brasileira.

Crítica, mas não assim

O que me revolta é colocar todos no mesmo balaio. É pura falta de respeito. Julgar e condenar todos os políticos que passam à sua frente. Aliás, quem é o CQC para cobrar ética de quem quer que seja, se a sua prática em Brasília fere os princípios do bom jornalismo? Também essa atitude vai contra o jornalismo sério e de credibilidade praticado pelo grupo Bandeirantes. Sei que o programa é de humor, de entretenimento, mas um mínimo de respeito com o povo e a jovem democracia seria fundamental. Cabe ainda lembrar que o programa é visto por milhares jovens que não sofreram a ditadura e serão os nossos políticos amanhã. Aliás, o CQC se esquece de dizer que, no passado recente, o Congresso chegou a ser fechado. Não tínhamos os políticos, éramos comandados pelos militares. É isso que o CQC quer?

Para finalizar, gostaria de lembrar que se não fosse a luta de milhares de brasileiros pela democracia que temos hoje, inclusive de políticos que estão no Congresso Nacional, programas como o CQC nem estariam no ar. Por isso, façam a crítica, melhorem a nossa democracia, mas não dessa forma.

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Jornalista e professor