A observação durante uma semana do noticiário do Google News em português mostra que o sistema automático de garimpagem, processamento e publicação de notícias, apesar de algumas gafes, não perde em atualidade e diversidade para os noticiários produzidos por jornalistas como o Último Segundo e o Yahoo News em português. A seleção de notícias apresenta pequenas variações de um serviço para outro, e as diferenças aparecem quando não há um fato predominante. Foi o caso do dia 5 de maio quando a edição Google News das 14 horas deu manchete principal para o caso de um brasileiro condenado a 25 anos de prisão em Portugal, enquanto o Yahoo News privilegiou a captura de um ladrão em São Paulo que deixou o seu curriculo no local do roubo. O Último Segundo destacou, ainda no mesmo horário, o problema do gás boliviano. O Google selecionou o brasileiro condenado porque os jornais portugueses também estão na lista de publicações monitoradas pelos crawlers (micro- robôs) e como a notícia foi muito publicada lá, ela acabou ganhando aqui mais espaço que as brasileiras. Já o Yahoo e o Último Segundo, que apostam nos seres humanos, se orientaram pelo faro jornalístico, um pelo lado bizarro e outro pela agenda da imprensa. As diferenças entre a pauta eletrônica (Google News) e a humana (Yahoo e Último Segundo) acabaram não sendo muito grandes porque no fundo todos trabalham com a mesma matéria prima, o noticiário produzido por algumas grandes empresas jornalísticas como a Folha de São Paulo, O Globo e Estado de São Paulo, que dominam o mercado de notícias no eixo Rio, São Paulo e Brasilia. O Google News varre cerca de 200 publicações brasileiras, algumas delas pouco conhecidas como o site Buxixo, especializado em noticias do show biz. Em teoria o noticiário automatico deveria estar menos sujeito às distorções e preconceitos, mas na prática ele acaba sendo contaminado também. A oniprença de boletins informativos e noticiário em tempo real pela Web, rádio e até em anúncios publicitários está massificando a informação primária ou factual. O preço da noticia no mercado da imprensa caiu muito depois que a internet facilitou a cópia de material produzido por grandes jornais. Esta é uma das razões que explicam a decadência das agências de notícias. Em compensação, a notícia contextualizada está valendo cada vez mais, fato que indica uma tendência que pode ser a salvação de muitos jornais. O noticiário do Google News, Último Segundo e Yahoo, bem como o material produzido pelas agências Folha, Globo e Estado tende a se transformar num serviço gratuito que funciona como chamariz para produtos mais caros. Por isto soa meio antiquada a queixa da Associação Mundial de Jornais (WAN) de que o Google News e outros noticiários automáticos como o Topix e o NewsBot são parasitários, porque usam notícias de jornais sem pagar. O que os jornais deveriam se preocupar é em priorizar a contextualização da informação.