Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

You Tube, a CNN da era digital chega ao Brasil

O site de vídeo You Tube lançou esta semana nove novas edições nacionais, entre elas a brasileira, como um primeiro passo para a globalização do projeto e a consolidação do uso do vídeo como ferramenta de comunicação de pessoas comuns.


 


O You Tube foi criado em fevereiro de 2005 e nestes pouco mais de dois anos de vida teve um crescimento impressionante. O site tem cerca de 35 milhões de visitantes por mês e deve, no mínimo, duplicar este total até dezembro. Nada menos que 65 mil pessoas publicam diariamente novos vídeos no site, que recebe imagens sem censura prévia.


 


O jornal Los Angeles Times comparou o fenômeno You Tube ao surgimento da rede CNN, que nos anos 90, revolucionou os modelos de televisão adotados no mundo ao lançar uma programação baseada apenas em notícias e informações.


O You Tube abriu as portas do mundo da imagem para milhares de cinegrafistas e fotógrafos amadores que passaram a postar imagens, provocando uma mudança radical nos padrões de vídeo jornalístico na imprensa mundial.


 


O telejornalismo praticado por pessoas comuns já é uma realidade e a onipresença de câmeras digitais no quotidiano das pessoas é uma incômoda pedra no sapato de políticos, empresários, personalidades e governantes.


 


A página brasileira do YouTube foi lançada junto com as versões francesa, irlandesa, italiana, japonesa, holandesa, espanhola, polonesa e para a Inglaterra. Em outubro de 2006, o YouTube foi comprado pelo site de buscas Google por 1,65 bilhões de dólares, dois anos depois de ser lançado no mercado com um valor de mercado estimado em no máximo dois milhões de dólares.


 


O objetivo da internacionalização do site é fundamentalmente atrair anunciantes porque a maioria dos jovens e adolescentes brasileiros já vinha postando vídeos na versão norte-americana, superando as barreiras lingüísticas. Agora, estima-se que o YouTube em português vai duplicar de audiência.


 


É uma operação de marketing muito bem elaborada e que vai render muito dinheiro para o Google no Brasil. Mas o efeito YouTube vai mais além da receita.


 


O site está criando um padrão mundial de circulação de imagens e está quebrando o monopólio das TVs na veiculação de vídeos sobre os grandes eventos mundiais. 


 


A visão pasteurizada das emissoras de TV está perdendo cada vez mais espaço para os vídeos amadores, que conseguem quebrar não só a monotonia da agenda da midia mundial como também o controle dos governos e multinacionais sobre o que as pessoas vêem.


 


O voyeurismo jornalístico tornou-se uma norma mundial e todas as personalidades foram obrigadas mudar de hábitos. Que o diga a nossa Daniela Cicarelli, que não conseguiu impedir a publicação de cenas eróticas dela com um namorado numa praia espanhola.


 


O Pentágono trava uma batalha surda com os soldados americanos no Iraque por conta de vídeos sobre a guerra e o governo chinês não consegue engolir as imagens que a todo instante são publicadas no YouTube sobre arbitrariedades cometidas conta os nacionalistas tibetanos.


 


A ubiqüidade do câmera amador obrigou as emissoras a abrir espaços para material fora dos parâmetros de qualidade da TV comercial. Quase todas as grandes redes da Europa e dos Estados Unidos criaram canais especiais para amadores e muitas delas começaram a oferecer treinamento gratuito para os amadores.


 


Até o site da AL Qaeda criou uma página para vídeos amadores chamada Al Sahab (a nuvem) onde publica imagens feitas por seus adeptos, mostrando o outro lado da presença militar norte-americana no Iraque e no Afeganistão.


 

O jornalismo cidadão praticado com imagens tende a ser um fenômeno mundial cada vez mais forte, prevê o site Citizen Midia, criado pelo jornalista e escritor norte-americano Dan Gillmor.  Isto significa também que o bate boca planetário sobre direitos autorais de imagens vai também esquentar cada vez mais.