Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Leitura para pauta urgente: o que corre por trás da terceirização dos serviços públicos?

Se há alguma leitura imprescindível para esta sexta-feira, ela está na página B4 da Folha de S.Paulo, no texto ‘Furnas e as terceirizadoras’, da coluna assinada pelo jornalista Luís Nassif.

Ele aponta a distração da imprensa e a perda de rara oportunidade das CPI, tão empenhadas em moralizar o setor público brasileiro, criada pelo depoimento do ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo, ocorrido anteontem. A declaração do ex-diretor de que a lista é falsa foi acolhida como principal revelação por todos os jornais. Mas o problema real do financiamento de campanhas eleitorais no Brasil sequer foi resvalado

Segundo Nassif, o depoimento foi ‘uma extraordinária demonstração de como é a política brasileira’, pois ‘parlamentares de todos os partidos se revezaram para perguntar se a tal lista era verdadeira ou falsa’, mas nenhum parlamentar lembrou-se de perguntar sobre ‘o sistema de financiamento de campanha de Furnas, que historicamente tem amparado políticos de várias cores, os eletrocratas’.

‘Tudo isso se dá à sombra de uma atividade que passou a substituir as antigas empreiteiras’, continua, ‘depois que o Estado brasileiro quebrou e escassearam os recursos para investimentos: as terceirizadoras de mão-de-obra’.

Nassif apresenta exemplos e números da presença de algumas das grandes empresas :
‘Praticamente em cada administração há uma terceirizadora que domina as licitações. Grande parte dos gastos operacionais de Furnas era com uma terceirizadora de mão-de-obra, a Bauruense, com 2.000 funcionários, e que chegou a faturar R$ 800 milhões em três anos apenas com seu contrato de Furnas. A Bauruense é a quarta terceirizadora paulista em tamanho e cresceu na área pública a partir do governo Álvaro Dias, no Paraná, de onde nasceu sólida amizade do ex-governador com os irmãos Daré, donos da empresa.

Em Brasília, a terceirização na área federal é comandada pela Confederal (do ex-ministro das Comunicações e deputado federal Eunício de Oliveira). Em São Paulo, pela Tejofram (14 mil terceirizados) e pela Gocil (mais de 8.000). E são sempre as mesmas. Mesmo sendo um setor altamente rentável, não aparecem concorrentes para disputar espaço e derrubar preços’.

Recomenda-se a leitura na íntegra. O texto traz, inclusive, exemplo de instrumento para fiscalizar a atuação dessas empresas em países como os EUA e a França.