Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mea-culpa e meia admissão

A mídia praticamente ignorou o mea-culpa de Lula por não ter ido ao debate na Globo às vésperas do primeiro turno. Ele disse ontem que foi Deus quem resolveu que a eleição se decidiria só na segunda votação.

Na sua linguagem colorida, ele imaginou Deus falando: ‘Esse pessoal pensa que vai ganhar no primeiro turno, Lula nem quer ir a debate, vamos dar segundo turno para que ele perceba que tem de colocar mais álcool ou feijão com água dentro do sapato para alargar um pouco’ – seja o que queira dizer essa metáfora.

Também ontem, em outra situação, o presidente admitiu que pode ‘ter errado’ em dar poucas entrevistas à imprensa. Já seria alguma coisa se ele não tivesse emendado, desastrosamente: ‘Entretanto, acho que poucos presidentes fizeram a quantidade de discursos que eu fazia todo santo dia, com a imprensa presente.

O fato de a imprensa acompanhar os seus discursos não muda uma vírgula. Discurso é monólogo: o orador diz e omite o que quer. Entrevista é cobrança, checagem, aprofundamento de temas e fatos.

Pelo visto, faltou a Lula a orientação do Altíssimo. Algo assim: ‘Presidente, não diga que pode ter errado ao evitar o escrutínio da mídia. Diga em português claro que errou. Não por causa dos efeitos eleitorais. Mas por falta de respeito com o eleitor. E diga mais – que no segundo mandato não repetirá o erro. Afinal, o senhor não vive dizendo que o segundo mandato é para continuar com o que deu certo e mudar o que deu errado?’

Se os políticos soubessem quanto sobem no conceito do povo quando dão o braço a torcer…

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