Os colunistas Raymundo Costa, no Valor, e Dora Kramer, no Estado, se ocupam hoje das declarações do tucano Geraldo Alckmin de que a sucessão só será decidida no curso do horário eleitoral.
‘A aposta eletrônica de Alckmin’ é o título do primeiro comentário. ‘Telespectador eleitoral’, o do segundo. Nenhum dos autores concorda com o candidato.
‘Alckmin precisa se distinguir até julho [quando começam os 45 dias de propaganda no rádio e na TV]’, acredita Raymundo. ‘Alckmin terá um mês e meio para se contrapor a um candidato com quatro campanhas nacionais e um mandato presidencial nas costas’, ironiza Dora.
Os artigos fazem tabelinha com a principal notícia política do dia – ‘PFL ameaça não indicar o vice na chapa de Alckmin’, como se lê na chamada de primeira página da Folha.
Apoiando o tucano só informalmente, o PFL fica livre para se aliar com quem quiser em cada Estado. Essa flexibilidade é importante não apenas para aumentar as suas chances de eleger mais governadores, mas principalmente para eleger mais deputados federais.
A possibilidade de o PFL não se coligar de papel passado com o PSDB ‘se tornará mais concreta se o PMDB se decidir pela candidatura própria à sucessão de Lula’, avalia Raymundo. E essa decisão não virá antes de junho, o que põe mais areia nas emperradas engrenagens da aliança tucano-pefelista.
Claro que se Alckmin estivesse 20 pontos à frente de Lula, e não o contrário, a conversa seria outra.
Foi mais ou menos por essa época em 2002 que o tucano Tasso Jereissati, desafeto do candidato correligionário ao Planalto, José Serra, causou um pequeno abalo partidário ao dizer numa entrevista que a eleição de Lula era inevitável e que o PSDB tinha mais era que tratar de eleger uma grande bancada federal.
A propósito, segundo o Painel, da Folha de hoje, num evento de políticos e empresários em Comandatuba, Bahia, o dono do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, deu como certa a reeleição de Lula. ‘Presente à mesa’, acrescenta a nota, o coordenador da campanha de Geraldo Alckmin, Sérgio Guerra (PE), não rebateu’.
P.S.
Da série ‘O diabo está nos detalhes’:
Quando é que o pessoal do Estadão vai aprender a escrever o nome de universidades com ou sem o ‘de’ entre a palavra universidade e o nome?
Hoje, por exemplo, numa notícia que mereceu chamada de primeira página, o jornal informa que a ‘Universidade de Harvard’ vai abrir um escritório em São Paulo para facilitar o intercâmbio de estudantes e pesquisadores.
Não existe em lugar nenhum do planeta Terra uma ‘Universidade de Harvard’. Pela simples razão de que não existe nenhuma cidade chamada Harvard. Nos Estados Unidos, Harvard é um monte no Colorado que os alpinistas adoram escalar. E a Universidade Harvard fica na cidade de Cambridge, Estado de Massachusetts.
Chama-se Harvard em homenagem a seu fundador. Assim como a Universidade Stanford, em Palo Alto, Califórnia. Assim como a Universidade Mackenzie, em São Paulo – e uma infinidade de casos do gênero.
Escrever Universidade de Harvard é tão despropositado como seria escrever Universidade de Mackenzie. Ou Faculdades de Estácio de Sá. Ou, por outra, Universidade São Paulo.
Não é tão difícil assim, é?
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