O Estadão deste domingo exagerou na dose. O álcool estava na manchete (Bush planeja lançar a Opep do etanol no Brasil), continuava nas páginas internas A-4 e A-5, e era tema de capa da resenha Aliás.
A manchete, exagerada, não batia com a matéria da correspondente Patrícia Campos Mello, de Washington. No lead, a própria Patrícia desmentia a manchete, ao lembrar que a parceria Brasil-EUA no álcool fica limitada à instalação de usinas na América Central.
Em fim de mandato, Bush não tem cacife para bancar um empreendimento deste porte. Além do mais, para formar uma Opep do etanol com o Brasil, o presidente norte-americano teria antes que vencer o forte lobby do milho no Meio-Oeste dos EUA, que impedem a derrubada das tarifas para a importação do álcool brasileiro. Com um complicação a mais: o Congresso dos EUA deve votar até o final deste ano a Farm Bill, a nova lei agrícola norte-americana.
Brasialianista no passado era especialista em ditadura. Hoje tem que ser álcoolatra. No bom sentido, claro. Tom Trebat, da Universidade de Columbia, tomou todas na entrevista que deu ao caderno Aliás. ‘O Brasil será a Arábia Saudita do etanol’, profetizou. Pior foi o gracejo de Brian Dean, diretor da Comissão Interamericana de Etanol: ‘já que não sai a Alca. vamos de álcool´´.
Etanol das arábias