Quem visita freqüentemente as páginas de jornais brasileiros na internet já deve ter notado como eles estão usando cada vez mais vídeos. Entre os fotógrafos de jornais cresce a procura por treinamento com filmadoras digitais e no site DigitalJournalism, os cursos sobre vídeo já tem mais alunos trabalhando na mídia impressa do que na televisão e cinema.
Os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, publicam pelo menos dois vídeos em cada edição online, mostrando que este formato de jornalismo deixou definitivamente de ser uma exclusividade da televisão. O portal G1, do conglomerado Globo, tem farta cobertura em vídeos digitais, mas isto não chega a ser uma surpresa.
O jornal The New York Times publica diariamente uma seção de vídeos jornalísticos com quatro reportagens produzidas por seus repórteres e cronistas. Além disso, o Times tem um blog chamado Medium, especializado em vídeos online. O The Washington Post tem uma seção chamada Voices On com uma coleção de entrevistas feitas com personalidades das mais variadas áreas. Na Europa, o Guardian tem sua área para vídeos. considerada a melhor do gênero em matéria de páginas web de jornais impressos sem vínculos institucionais com redes de televisão.
Na Argentina, o jornal Clarin é um dos pioneiros mundiais na produção de notícias em vídeo, especialmente os chamados videodocumentários jornalísticos, que já receberam vários prêmios internacionais.
O crescimento das reportagens em vídeo produzidas por jornalistas oriundos da mídia impressa é causa e conseqüência do fenômeno da convergência digital multimídia, o processo onde os formatos texto, audiovisual e interativo se integram usando como a Web como plataforma tecnológica.
O site Digital Journalism é uma espécie de bíblia dos vídeo-repórteres. A página reúne colaborações dos principais nomes do fotojornalismo mundial e especialistas em vídeo online. Além de noticias, tem uma seção de dicas e organiza cursos de capacitação, com longas listas de espera por uma vaga. No mês de maio o Digital Journalism publicou um artigo mostrando o que não deve ser feito num vídeo online.
O norte-americano Travis Fox, do The Washington Post é considerado o guru dos videojornalistas digitais por sua larga experiência e pela qualidade de suas reportagens. O seu trabalho mais recente é uma matéria em vídeo sobre como as mulheres assumiram a liderança pela reconstrução de Ruanda, um país africano devastado por uma guerra civil em 1994.
A grande diferença entre o vídeo digital e a televisão está na forma da narrativa. Enquanto a TV é linear e dá preferência a vídeos mais curtos, nas filmagens para sites da Web a estrutura ideal para contar uma história é a não-linear, ou seja, formada por blocos de conteúdos informativos que o navegador organiza segundo seus interesses. Por outro lado, a duração do vídeo online pode variar muito, pois depende da história e da narrativa.
A migração de repórteres para o videojornalismo não é um acaso. Em fevereiro deste ano, nada menos que 10 bilhões de vídeos foram acessados na internet, segundo a empresa ComScore, representando um aumento de 66% em relação a igual período em 2007. Deste total, o maior percentual — 37% — era de vídeos jornalísticos.