Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O videojornalismo ganha espaços na internet



Quem visita freqüentemente as páginas de jornais brasileiros na internet já deve ter notado como eles estão usando cada vez mais vídeos. Entre os fotógrafos de jornais cresce a procura por treinamento com filmadoras digitais e no site DigitalJournalism, os cursos sobre vídeo já tem mais alunos trabalhando na mídia impressa do que na televisão e cinema.


Os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, publicam pelo menos dois vídeos em cada edição online, mostrando que este formato de jornalismo deixou definitivamente de ser uma exclusividade da televisão. O portal G1, do conglomerado Globo, tem farta cobertura em vídeos digitais, mas isto não chega a ser uma surpresa.


O jornal The New York Times publica diariamente uma seção de vídeos jornalísticos com quatro reportagens produzidas por seus repórteres e cronistas. Além disso, o Times tem um blog chamado Medium, especializado em vídeos online. O The Washington Post tem uma seção chamada Voices On com uma coleção de entrevistas feitas com personalidades das mais variadas áreas. Na Europa, o Guardian tem sua área para vídeos. considerada a melhor do gênero em matéria de páginas web de jornais impressos sem vínculos institucionais com redes de televisão.


Na Argentina, o jornal Clarin é um dos pioneiros mundiais na produção de notícias em vídeo, especialmente os chamados videodocumentários jornalísticos, que já receberam vários prêmios internacionais.


O crescimento das reportagens em vídeo produzidas por jornalistas oriundos da mídia impressa é causa e conseqüência do fenômeno da convergência digital multimídia, o processo onde os formatos texto, audiovisual e interativo se integram usando como a Web como plataforma tecnológica.


O site Digital Journalism é uma espécie de bíblia dos vídeo-repórteres. A página reúne colaborações dos principais nomes do fotojornalismo mundial e especialistas em vídeo online. Além de noticias, tem uma seção de dicas e organiza cursos de capacitação, com longas listas de espera por uma vaga. No mês de maio o Digital Journalism publicou um artigo mostrando o que não deve ser feito num vídeo online. 


O norte-americano Travis Fox, do The Washington Post é considerado o guru dos videojornalistas digitais por sua larga experiência e pela qualidade de suas reportagens. O seu trabalho mais recente é uma matéria em vídeo sobre como as mulheres assumiram a liderança pela reconstrução de Ruanda, um país africano devastado por uma guerra civil em 1994.


A grande diferença entre o vídeo digital e a televisão está na forma da narrativa. Enquanto a TV é linear e dá preferência a vídeos mais curtos, nas filmagens para sites da Web a estrutura ideal para contar uma história é a não-linear, ou seja, formada por blocos de conteúdos informativos que o navegador organiza segundo seus interesses. Por outro lado, a duração do vídeo online pode variar muito, pois depende da história e da narrativa.


A migração de repórteres para o videojornalismo não é um acaso. Em fevereiro deste ano, nada menos que 10 bilhões de vídeos foram acessados na internet, segundo a empresa ComScore, representando um aumento de 66% em relação a igual período em 2007. Deste total, o maior percentual — 37% — era de vídeos jornalísticos.