As enchentes de Santa Catarina permitiram vislumbrar um novo nicho informativo no qual jornalistas e não-jornalistas participam em pé de igualdade na produção de notícias. O sistema Twitter, weblogs com capacidade máxima de 140 caracteres, permitiu o acompanhamento em tempo real do desenrolar das inundações em Blumenau e Itajaí, as cidades catarinenses mais atingidas pelas chuvas dos últimos 15 dias.
O uso do Twitter para coberturas jornalísticas já deixou de ser novidade em várias partes do mundo. Um exemplo ainda mais convincente foi a avalancha de micronotícias sobre os atentados terroristas em Mumbai, na Índia, na última semana de novembro. Internautas do mundo inteiro puderam seguir o desenrolar a crise por computador, PDA (Personal Digital Assistant) e telefone celular.
Usando palavras-chaves como Blumenau, Itajaí ou Enchentes Santa Catarina, foi possível acompanhar a atividade dos internautas e organizações jornalísticas na cobertura das enchentes, por meio de frases telegráficas que permitiam ter uma idéia global e diversificada do que estava acontecendo, em tempo real.
É uma nova modalidade de jornalismo conquistando espaços e público, especialmente em situações de emergência, quando as informações fornecidas pelo público são essenciais para preencher as lacunas geradas pelas dificuldades de locomoção dos jornalistas profissionais.
Para acessar o que está sendo publicado nos microblogs basta acessar a página do Twitter e ir para a seção buscas, digitando as palavras-chaves relacionadas ao tema desejado. Para adicionar informações, é necessário cadastramento (grátis) e um conhecimento mínimo das regras do sistema.
Os mais recentes episódios em que o Twitter foi usado como ferramenta jornalística por profissionais e amadores levaram a professora de jornalismo online Mindy McAdams a prever:
1) As notícias de atualidade serão publicas primeiro na internet e em especial no Twitter e só depois pela televisão;
2) As grandes tragédias serão cobertas primeiro pelos não-jornalistas;
3) A participação dos não-jornalistas na cobertura de eventos de grande impacto continuará a mesma, depois que a grande imprensa entrar no tema;
4) Os telefones celulares tendem a ser a mais importante ferramenta jornalística em casos de tragédias, e o Twitter a sua plataforma mais versátil;
5) Os telefones celulares com acesso à Web serão um equipamento obrigatório para jornalistas profissionais;
6) As fotografias tiradas com celulares por pessoas comuns serão a informação visual mais rápida em casos de tragédias;
7) Os órgãos da imprensa devem imediatamente preparar seu pessoal e sistemas de publicação para o uso rotineiro dos celulares e do Twitter.
Da mesma forma que em outros sistemas baseados na participação do público, também a credibilidade do Twitter como fonte de informação é questionada por muitos jornalistas. É claro que não é recomendável confiar cegamente no que é postado, mas conforme constata Raquel Recuero, em seu blog Social Media, ganha corpo uma espécie de herança de credibilidade onde os autores de referência são os mesmos que publicam blogs respeitados.