Os historiadores atribuem ao chanceler alemão na era prussiana, Otto von Bismarck, uma frase que continua emblemática até hoje:
Quer dizer, quanto menos soubermos, mais amena será a nossa digestão e mais completo o controle do Estado sobre a sociedade. A frase deixa implícito que o papel da imprensa no sono da população e no consumo das salsichas.
O político prussiano plasmou de forma rude a responsabilidade dos meios de comunicação com o nível de participação política de uma nação. Uma responsabilidade que hoje começa a ser cobrada pelo cidadão de uma forma inédita na história recente.
Esta cobrança começa a assumir a forma de exigência de uma conduta transparente porque a população quer confiar outra vez na imprensa depois que os jornais, revistas, emissoras de rádio e de televisão perderam boa parte de sua credibilidade, porque foram incapazes de separar interesses corporativos do interesse público.
O Observatório da Imprensa está empenhado em promover a transparência no processo informativo porque acredita que uma inicitiva como esta é a unica forma de restabelecer uma mínima confiança mútua entre a mídia e o seu público, num momento em que a observação crítica da imprensa já não é mais um privilégio exclusivo das organizações que fazem monitoramento dos veículos de comunicação.
O projeto Redações de Vidro, que estamos iniciando, tem dois objetivos: verificar quais os itens que o público considera importantes na busca de credibilidade informativa e mostrar para a imprensa que a transparência não implica nenhuma catástrofe editorial ou corporativa.
Este é o tema que está por trás da realização do Colóquio Latino-americano sobre Observação da Mídia que será realizado em São Paulo, entre os dias 11 a 13 de Setembro próximo, com a participação de 25 representantes de observatórios da midia de todo o continente.
A transparência informativa está se tornando uma exigência do público contemporâneo cada vez mais preocupado com a desorientação provocada pela avalancha de notícias, intensificada pela internet. Trata-se de um fenômeno sem volta onde a alternativa é dar um novo tratamento à informação.
É o que, por exemplo, estão fazendo algumas bolsas de valores em países ricos. Todo mundo sabe que o pregão é movido basicamente por informações. Separar o joio do trigo nas bolsas é garantir ao investidor condições mínimas para não ser enganado e perder seu dinheiro.
Por isto os pregões em países onde o jogo da informação é mais crítico, criaram normas cada vez mais estritas para identificar o DNA de uma informação, como garantia de sua confiabilidade. Para as bolsas, transparência não é uma postura subversiva ou contestadora. É a alma de um negócio, que não se pode dar ao luxo que conviver com os mistérios da fabricação das salsichas.
Mais detalhes sobre o Colóquio Latino-americano sobre Observação da Midia – clique aqui .