Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A internet entra na agenda diplomática mundial


Os dois grandes objetivos da Conferência de Cúpula sobre a Sociedade da Informação (WSIS -World Summit for the Information Society) não foram concretizados, mas nem por isto a reunião foi um fracasso total. Foi um típico caso de atirou no que viu, matou o que não viu.


Em Tunis, o que passou quase desapercebido pelos diplomatas e funcionários internacionais foi o fato de que a internet deixou de ser um gadget eletrônico para ser vista como uma ferramenta de desenvolvimento econômico, até pelos países mais xenófobos e avessos aos modernismos ocidentais.


Não chega a ser um grande avanço diante do impasse na questão da governabilidade na internet e da falta de definições concretas para a questão do financiamento do gap tecnológico entre nações ricas e pobres.


Mas é um consolo constatar que daqui por diante a internet será um tema obrigatório em todos os eventos mundiais relacionados ao desenvolvimento econômico, luta contra a pobreza, defesa das culturas nacionais e liberdade de informação.


Os chamados ativistas digitais terão um trabalho muito difícil pela frente porque a conferência de Tunis, encerrada hoje (18/11), mostrou a enorme resistência de governos, tanto conservadores como progressistas, e organismos internacionais às mudanças culturais e políticas que estão sendo impulsionadas pelo livre fluxo de informações através da internet.


Na questão da governabilidade, o problema não é quem dominará a internet mas se há ou não necessidade de um controle da rede, já que ela cresceu e se desenvolveu ao longo dos últimos 30 anos, sem nenhum tipo de autoridade central.


No financiamento da brecha tecnológica, a divergência de enfoques não é menos aguda. Para os ativistas digitais, a questão chave não é quem vai dar quanto para um fundo de apoio aos países mais pobres. Dezenas de fundos já foram criados e quase todos acabaram exauridos para corrupção e ineficiência, antes de produzir resultados concretos.


A questão chave é como valorizar as iniciativas das bases sociais, como apoiar o esforço das comunidades sem recorrer ao dinheiro de fora e como respeitar as opções culturais dos excluidos digitais.


A arma mais eficiente contra a chamada infopobreza não é o dinheiro mas sim a informação. Com ela, as comunidades pobres da África, Ásia e América Latina já operaram milagres tecnológicos como pode ser visto no site do Wireless Internet Institute , um organismo vinculado à ONU, para mencionar apenas um caso.


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