Esta semana (7-11/9), um tribunal norte-americano vai decidir quem ganha a primeira escaramuça de uma guerra econômica e cultural que vai durar algum tempo e promete lances dignos de um filme policial de Hollywood.
É uma luta entre gigantes quase da mesma estatura, com poder de fogo equivalente e um mesmo objetivo: controlar o mercado de livros digitalizados e publicados na internet, um negócio que muitos estimam em mais de 5 bilhões de dólares.
O juiz Denny Chin vai decidir se é legal o acordo firmado entre a empresa Google e a Associação Norte-americana de Editores, a Associação de Autores de Livros e cerca de 20 mil escritores, livreiros e editores independentes, para digitalização de livros e publicação na internet.
O acordo foi firmado em outubro de 2008, depois de uma disputa jurídica que durou três anos, na qual os editores e autores acusavam a Google Books de violar os direitos autorais ao anunciar sua decisão de disponibilizar textos de livros pela internet.
A decisão está sendo acompanhada nos mínimos detalhes pela Open Book Alliance, um projeto integrado por 11 organizações de escritores, editores e livreiros, patrocinado por três pesos pesados na internet mundial — a Microsoft, a livraria virtual Amazon e a empresa Yahoo.
A Open Book Alliance, criada há menos de dois anos, tenta ocupar espaços num mercado que a Google vem cortejando desde 2002, quando foi lançado o projeto Google Books. A mega corporação de buscas na web já gastou, até agora, cerca de 5 milhões de dólares em pesquisa sobre digitalização de livros, novos e antigos, publicação do conteúdo na página do Google Books e comercialização online.
Caso o juiz Denny considere o acordo legal, estará dado o primeiro passo para que a Google e seus parceiros criem a maior biblioteca da história da humanidade, um projeto que provoca divisões até mesmo fora dos Estados Unidos. Os governos da Alemanha e da França já se manifestaram contra o projeto da Google, enquanto a União Européia simpatiza com a idéia.
Os integrantes da Open Book Alliance prometem levar a guerra com a Google para dentro das universidades envolvendo também os grandes grupos da mídia convencional, como jornais, editoras, revistas e grandes cadeias de livrarias. O sindicato dos jornalistas dos Estados Unidos é contra a iniciativa da Google, enquanto a poderosa Associação Norte-Americana de Deficientes Físicos e Mentais é a favor.