Há pouco mais de uma semana sugeri aqui que se fizesse uma avaliação das livrarias de São Paulo. Antes, é preciso esclarecer melhor os esquemas revelados pela Folha de S. Paulo de ontem. As grandes redes de livrarias cobram para dar destaque em suas vitrines.
As modalidades de “jabá de livros” relatadas na reportagem são pontas de gôndolas, cubos com pilhas e vitrines. As redes citadas são FNAC, Saraiva, Cultura, Laselva e Siciliano. As práticas não são homogêneas. Em alguns casos, a venda de espaços destacados é quantitativa e qualitativamente pequena. Não chega a mudar a natureza da proposta que o livreiro oferece ao freqüentador. Em outras, a comercialização é mais generalizada.
A reportagem poderia ter abordado outras modalidades. A FNAC, por exemplo, periodicamente faz catálogos com indicações de livros. Início do ano letivo, Dia das Mães, Dia dos Pais, fim do ano, etc. Em 2005, cada inserção custava 1.600 reais. Com direito a maior visibilidade na loja e no site da rede de livrarias.
Há informações sobre práticas ainda menos ortodoxas, como relações pouco transparentes de editoras com gerentes de compras de livrarias. Ou trabalhar para derrubar livros de editora concorrente.
Se o livro é puramente uma mercadoria, como sugere um informante da reportagem da Folha, Ivo Camargo, diretor de vendas da Ediouro, é inevitável perguntar por que ganhou do governo federal isenção de ISS e Cofins na importação de papel. Essa diferença não barateia o livro, simplesmente é empregada pelas maiores editoras para engordar suas verbas de marketing.