Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Réplica do leitor:
Rui Barbosa, predileções, jugo profissional e atitudes editoriais intelijumentas

Boa lembrança do leitor Miguel do Rosário, jornalista do Rio de Janeiro, que no blog nos remete para outra frase definitiva de Rui Barbosa, patrono dos advogados do Brasil, fonte de citação constante nos editoriais das empresas jornalísticas – possivelmente, o civilista mais radical da história do Brasil.

O leitor vem citando a questão da parcialidade inevitável, e emenda:

‘Eu só peço a vocês, do OI, e sei que vocês sabem disso, digo só para constar e ajudar, que não se intimidem e não confundam imparcialidade com passividade. Rui Barbosa apontava essa confusão, em quem o acusava de ser ‘tendencioso’ por defender a abolição. Dizia ele: ‘não confundir imparcialidade com passividade diante da injustiça’’. Recomenda-se a leitura na íntegra.

A advogada gaúcha Regina Ramão adiciona que ‘nesta polêmica criada aqui no OI, sobre se a imprensa é ou não tendenciosa, fico com ao lado dos que a acham tendenciosa’. Mas acha recomendável que, ‘porém, há que se admitir, que os jornalistas são seres humanos e, como tais, com suas idiossincrasias, sem falar no quanto muitos devem ser subjugados pela ideologia da empresa a qual servem’.

O engenheiro de São Bernardo do Campo, São Paulo, René Guedes, que mui educadamente dá um puxão de orelhas no OI . Depois de nos colocar no céu, castiga:

…Eu vejo uma certa contradição em vossos discursos, notadamente o do Dines e do Weis. Eles dizem que o governo e o PT erram de maneira crassa ao julgar a mídia como tendenciosa e panfletária. Apelam para o bom censo de ambos (governo e PT); Escrevem sobre o ‘ desespero’ de causa e que tudo isso tem um único culpado, ou dois, mais precisamente: o governo e o PT. Concordo com eles…
Mas, se a mídia não atua de maneira comprometida, panfletária e acusadora como dizem que ela faz, para que tantos artigos, muitos deles críticos, em relação ao papel da mídia na crise?’


O jornalista responsável pelo blog tem a dizer que encaminhará ao vizinho, Luiz Weiss, e ao nosso diretor, Alberto Dines, a sugestão de pauta enviada.

O engenheiro do ABC Paulista traz de volta o tema da manipulação dos textos que ‘interpretam’ pesquisas e estatísticas, já comentado neste blog há cerca de um mês. Ele está indignado com o menosprezo dos jornais com as margens de erro que acompanham os levantamentos, como, aliás, determina a legislação eleitoral.

A presunção em se achar muito vivo e o outro, bobo, está na crença de que o o engodo não traz qualquer problema, pois não há mesmo punição conhecida contra esse tipo de deslize. Os autores dessas espertezas devem acreditar que o leitor é estúpido, e de não vai se dar conta de que faltam justamente variações de menção obrigatória que dão outro valor para os indicadores e percentuais apresentados.

Esta é a conhecida postura editorial intelijumenta, própria do atraso da imprensa do país, que volta e meia ressurge para lembrar que estamos no Terceiro Mundo. Portanto, interpretações de pesquisas de opinião devem ser lidas não apenas com um, mas com dois pés atrás.

A determinação do Tribunal Superior Eleitoral, de antecipar o prazo legal para a publicação de pesquisas, é elucidativa aos riscos de manipulação que preocuparam os ministros da mais alta corte eleitoraldo país – e que resultaram na ordem legal.

A medida gerou desagravos e críticas em editoriais, que viram na nova legislação um atentado contra a liberdade de expressão. Para solidificar os argumentos contrários em defesa da divulgação de resultados das pesquisas até a véspera da eleição, apresentaram-se novas consultas de opinião sobre a restrição. Os indicadores apresentados foram de apoio à causa da divulgação sem restrições de prazo.

Para apimentar a polêmica, fica a seguinte interrogação: Se a mais alta corte de Justiça eleitoral já estipulou prazo legal, qual margem de contestação resta à sociedade, imprensa incluída, para manifestar se está de acordo ou não? É questão para um possível referendo?