Em relação à polêmica matéria antes censurada e enfim exibida no último dia 22/3, que tratou da televisão doada pela equipe do programa humorísticoCuste o Que Custar (CQC) à Secretaria de Educação de Barueri, entendo que a equipe do programa gerou algumas dúvidas junto aos seus espectadores.
Gosto muito doCQC, na verdade o vejo como um dos melhores programas da TV aberta atualmente. Opinião pessoal de um telespectador paulistano. Mas, para um programa com uma proposta de ter um humor inteligente, diferenciado, com tom jornalístico e que, em várias matérias, denuncia a corrupção, a reportagem feita deixa muitas dúvidas. Qual o motivo de realizar uma doação sem aviso prévio (que eu saiba) a alguma escola? Um sorteio como esse, de certa forma relevante, feito em estúdio e sem platéia, gera questões óbvias quanto à manipulação dos dados gerados, no caso o número 065, que se refere à cidade de Barueri listada em ordem alfabética junto às demais cidades do estado. Se realmente se tratava de uma doação voluntária que teria seu destino em qualquer município sorteado, ou seja, sem segundas intenções, por que motivo implantar um rastreador GPS? Sirene em uma televisão? Por que uma TV? Salvo algumas exceções, não conheço muitas opções de programas educativos para as crianças assistirem nos canais abertos. E estas exceções não estão na Rede Bandeirantes. Por fim, o número excessivo de edições de cena e interpretações só fez perder quase totalmente a credibilidade de uma denúncia séria como esta. A meu ver, ‘o melhor Proteste Já da história’ tornou-se a maior incerteza a que já assisti no programa.
Intenções incertas e resultados graves
Cinco dias depois da apresentação da reportagem, o usuário que se identifica como ‘caslougo’, através do site YouTube, postou o vídeo ‘Ameaça de me tirar da faculdade’, registro também postado no blog doCQC sob o título ‘Sobrinha do prefeito de Barueri ameaça colega de Faculdade’. Acredito ser justo a equipe doCuste o Que Custar tentar uma entrevista com Thamiris Furlan, autora das ameaças e filha do secretário da Educação, Celso Furlan, para que esta possa esclarecer as advertências feitas ao rapaz, visto que o usuário, que assim como Thamiris é aluno da faculdade FAAP, se referiu a uma matéria exibida pelo programa. As ameaças feitas são de extrema gravidade – ‘Eu posso te tirar da faculdade. […] Contato, amigo, coisa que você não tem, e eu tenho! Não mexe com a pessoa errada, toma cuidado. […] Porque essa pessoa pode conhecer uma pessoa que tem algum vínculo com alguma coisa sua… e acontecer alguma coisa, entendeu?’ Sem contar que ela delata que informações sobre cidadãos comuns podem ter seus dados descobertos à revelia quando diz: ‘Se eu quiser saber o que o seu pai faz, eu sei agora. […] Vamos ver?’ Também é fundamental que se apure a acusação que ela faz sobre o ‘dono’ doCQC ser filho do Lula.
As verdadeiras intenções desta matéria são incertas, mas os resultados gerados são, sem dúvida, muito sérios.
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Estudante de Jornalismo da PUC, São Paulo, SP