No jornal Valor desta quarta-feira, 28 de setembro, Cristiano Romero transcreve trechos de críticas do deputado Paulo Delgado, do PT de Minas Gerais, a seu partido. Trata-se de capítulo de um livro coletivo do Fórum Nacional animado pelo ex-ministro do Planejamento (1969-79, governos Médici e Geisel) João Paulo dos Reis Velloso. Delgado recapitula equívocos cometidos pelo PT desde a fundação.
“O PT, lembra Delgado, nasceu sem compreender que trabalhador é todo aquele que vive do seu trabalho”, escreve Romero. “Empresário também pode ser PT, mas isso o partido não entendeu na largada. Numa estratégia marota, adotada para abarcar representantes de toda a esquerda e atrair pessoas de vários segmentos sociais, <
“Na queda do Muro de Berlim”, sintetiza Romero, “as várias tendências existentes no partido inviabilizaram a unidade necessária para compreender os dilemas vividos pelo socialismo democrático. (….) O PT não se filiou à Internacional Socialista e criticou a Terceira Via – provavelmente porque Fernando Henrique Cardoso era um de seus líderes proeminentes. (….) Lutou pelo impedimento de Fernando Collor, mas se recusou a participar da gestão Itamar Franco [Luíza Erundina foi posta para fora por ter aceitado ser ministra da Administração Pública], um governo transitório e de coalizão. Ao fazer essa opção, assinala o deputado mineiro, o partido se afastou da estabilidade monetária representada pelo Plano Real”.
Parece ser a primeira boa análise da crise vivida pelo PT. Não por acaso, feita por um político que está no PT desde a fundação. E que não pretende sair dele, informa Romero.