Praticamente todos os meios de comunicação brasileiros se dedicaram, em alguma medida, a cobrir a tragédia provocada pelas chuvas no Rio de Janeiro.
Emissoras de rádio e televisão passaram toda a tarde de segunda-feira (5/4) e o dia inteiro da terça informando quase ininterruptamente sobre os casos de deslizamentos e enchentes que se sucediam.
Os efeitos do temporal invadiram também a internet, e as redes sociais logo se integraram na ampla malha de informações e comentários de todos os tipos.
Não faltaram os insensatos de sempre, que aproveitaram o acontecimento para fazer humor de mau gosto e misturar a tragédia com a política.
Na manhã de quarta-feira (7), outra observação: a imprensa de papel já não consegue se aproximar da dinâmica dos fatos. Ainda assim, os profissionais destacados para pisar na lama e molhar as pernas extrapolam suas possibilidades.
Mortos e desabrigados
A despeito da grande qualidade técnica e jornalística das fotografias, não há como competir com imagens em movimento, feitas ao vivo no fragor dos acontecimentos, e que podem ser arquivadas e revistas a qualquer instante.
Mesmo com essas desvantagens, os fotógrafos dos principais jornais brasileiros conseguem apresentar a seus leitores, nas edições de papel, registros dramáticos do sofrimento que se abateu sobre o Rio de Janeiro.
Segundo as contagens mais atualizadas que chegaram às redações, são 103 mortos, mais de 1700 pessoas estão fora de suas casas, sendo que grande parte delas não terá casa para voltar.
Riscos iminentes
Não foi a maior tragédia do tipo a atingir a antiga capital federal: em 1966, segundo registram os jornais, houve 250 mortes e 50 mil ficaram desabrigados após 24 horas de chuva. Em 1988, 15 dias de chuvas fortes e contínuas deixaram 570 mortos.
Mas a tragédia do século 21 é mostrada ao vivo, através de câmaras digitais que logo inserem as imagens na internet, e os dramas de cada um se transportam para toda a população.
O risco é o de que o excesso de imagens produza a banalização da tragédia. E que a ocupação de áreas de risco recomece na primeira estiagem.