Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ex-presidente da OAB faz a mídia cair no conto da bomba

Ainda é tempo de uma entidade de jornalistas protestar energicamente contra a farsa montada ontem em Brasília por um dos advogados do ex-ministro Antonio Palocci, doutor José Roberto Batochio, por sinal ex-presidente da OAB.

Para despistar a imprensa enquanto o seu cliente antecipava o depoimento à Polícia Federal, previsto para hoje – na casa em que desde a semana passada, a rigor, deveria estar morando o seu sucessor Guido Mantega –, Batochio mandou avisar as redações em Brasília que às 17h30 daria uma ‘entrevista-bomba’ num hotel da capital.

Detalhe: ninguém avisou a imprensa de que Batochio estava na defesa de Palocci. Até então, se supunha que o único advogado dele fosse o doutor José Roberto Leal.

Dezenas de jornalistas foram para lá. Quanto mais tempo passava sem o que Batochio cumprisse o prometido, mais a boataria se espalhava pelos centros do poder federal, redações, blogs e sites.

Não em pouca medida porque quando um ex-presidente da OAB manda dizer que tem uma bomba para mostrar, pouca coisa não haverá de ser.

Para encurtar a história, ele apareceu no hotel lá pelas 21 horas, quando terminara o depoimento sigiloso – êpa – de Palocci, do qual aliás saiu indiciado por suspeito de participar da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, na Caixa Econômica Federal.

Batochio não trouxe bomba nenhuma. Em companhia do colega Leal, apenas contou que o seu cliente declarara aos federais ser inocente de tudo.

Às folhas tantas, um repórter lhe fez uma pergunta legítima: quem pagava a defesa de Palocci. O doutor respondeu que essa era uma questão de sigilo – êpa – profissional, ‘da minha intimidade’. E fulminou: ‘Isso invade a esfera da ética.’

E o teatro que ele armou – ‘blefe’, segundo a Folha de S.Paulo – invade o quê?

Por falar nisso, a comissão de ética da OAB não teria nada a dizer sobre o comportamento do doutor? Afinal, ele fez crer que ia falar à mídia, bombasticamente, como ex-presidente da Ordem.

P.S.

Se você tiver de ler hoje um, apenas um texto nos jornais brasileiros sobre as manifestações e as pancadarias de ontem na França, fique com o primoroso comentário ‘Êxito mistura mercado com horror a Chirac’ do veterano João Batista Natali, da Folha. Coisa de quem sabe.

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